Perfil completo de Leandro Bassoi, COO da MadeiraMadeira e mentor da ImLog

Veja entrevista com Leandro Bassoi, COO da MadeiraMadeira e mentor da ImLog. Ele dá conselhos para profissionais de logística e outras dicas.
Leandro Bassoi

Que Leandro Bassoi é um profissional mega competente e querido no mundo da logística e do e-commerce você até poderia saber, mas você sabia que ele é um pai muito presente e dedicado, que valoriza o autoconhecimento e que uma das coisas que mais o deixa feliz é ajudar as pessoas que passam por sua vida?

Mentor da ImLog, conselheiro da Intelipost e COO da MadeiraMadeira, unicórnio brasileiro dedicado a produtos e serviços para o mundo da casa, Bassoi é formado em Engenharia Civil na Escola Politécnica da USP e tem um MBA Executivo pelo OneMBA da FGV, em consórcio com outras quatro escolas de negócio no mundo.

Seus 20 anos de carreira foram dedicados principalmente à logística, passando por empresas como Mercado Livre, Walmart.com e Accenture. Nos últimos 12 anos, ocupou posições de liderança em logística de e-commerce, ajudando a construir o case Mercado Envios, braço logístico do Mercado Livre, durante sete anos.

Veja as lições, as histórias, as vitórias e os aprendizados deste grande líder em entrevista exclusiva para a ImLog. 
Leandro Bassoi
CG: Quais foram as conquistas mais significativas em sua carreira até agora e como elas moldaram sua visão da logística?

LB: Posso citar duas. A primeira foi quando assumi a diretoria de operações da Walmart.com. Naquela época, ganhamos dois anos seguidos o Troféu Diamante Azul do “Prêmio Ebit Melhores do E-commerce”, que tinha uma métrica importante de qualidade de entrega relacionada à experiência do consumidor.

A segunda grande conquista foi ter liderado a construção do modelo de operação do fulfillment do Mercado Livre, desde o primeiro dia até o começo de 2022. Foram sete anos de trabalho até construir essa operação em cinco países: Brasil, México, Chile, Argentina e Colômbia. Hoje, essa operação de fulfillment é responsável por cerca de 40% de tudo que é entregue do Mercado Livre na região, com excelentes resultados em velocidade de entrega, qualidade e NPS.

Esses dois projetos foram os que mais gostei de participar, pois tiveram longa duração e um propósito importante relacionado ao atendimento de qualidade ao cliente.  

 
CG: Quais são suas fontes de inspiração e influências no campo da logística?

LB: Comecei minha carreira em consultoria, então estive próximo de profissionais que conheciam muito de logística e supply chain no geral. Aprendi muito e tenho como mentores alguns deles até hoje. Sempre busco e acompanho o que fazem e dizem por aí. Depois participei de algumas mentorias não pessoais, mas profissionais.

Gosto muito da metodologia da Toyota e de tudo que tem a ver com Lean Manufacturing e Six Sigma. Leio muito sobre esses temas e tento implementar em todas as empresas para onde vou.

No campo da logística do e-commerce, sou fã incondicional de tudo que a Amazon construiu! Ela repensou e redefiniu a forma com a qual as pessoas compram hoje em dia e isso tem muito a ver com o modo de pensar sobre entrega e logística. Tudo o que a Amazon fez e continua fazendo é uma fonte de inspiração muito importante para mim. A partir dela, muita gente bacana começou a construir processos em suas empresas.

Interessante mencionar que a Amazon também bebe da fonte da Toyota. Ou seja, se preocupa muito em ter uma operação lean. Na Amazon, eles combinaram uma abordagem inovadora para reconstruir a experiência do cliente com uma busca incessante pela excelência em qualidade, redução da variabilidade e eliminação de inconsistências.

CG: Que características fazem a diferença para um profissional de logística?

LB: Uma característica peculiar e presente nos profissionais de logística que estão no setor há bastante tempo e que precisam construir e manter operações muito grandes é a resiliência.

Não tem nenhum profissional da área que não tenha passado por uma crise ou problema operacional, por um momento em que teve de se reinventar sem recursos e sem dinheiro para investir, em situações completamente adversas. Isso geralmente acontece e só é possível se reconstruir com muita resiliência.

Em segundo lugar destaco a simplificação, que é a capacidade de conseguir resolver problemas complexos de forma simples, direta e eficiente. O profissional que tem essa característica consegue se destacar.

CG: A logística reversa, no caso das devoluções, é o calcanhar de Aquiles da logística, principalmente no e-commerce?

LB: Tenho uma visão diferente sobre isso. A logística reversa é uma parte da operação com baixa incidência no comércio eletrônico e por isso muita gente descuida. Como as devoluções representam cerca de 3% do volume de movimentações na empresa, a prioridade é cuidar primeiro dos 97% que estão sendo vendidos, sem descuidar dos 3% que estão voltando, claro. Mas, naturalmente, se tiver de investir tempo para resolver problemas, você vai escolher os que envolvem outras partes da operação antes daqueles relacionados à reversa.

O racional quando se tem poucos recursos, é conseguir investir tempo e dinheiro em projetos que tragam maior retorno. Isso não quer dizer que a logística reversa é o calcanhar de Aquiles, mas que você está priorizando seu tempo e seu investimento em recursos humanos para superar outros problemas na operação.

Mas você não precisa se descuidar do cliente, nem deixar de ter políticas que apoiem e beneficiem o cliente quando for fazer a reversa. Por exemplo, se sua empresa tem dificuldade em coletar o produto, pode devolver o dinheiro antes de fazer a coleta.

Há formas de solucionar o seu problema para que isso não afete o cliente. Você tem que ponderar bem e equilibrar quanto tempo e dinheiro você vai investir em cada projeto.

CG: Como você lida com o estresse e a pressão no ambiente de trabalho?

LB: Essa pergunta é muito boa, porque eu tenho pensado bastante nisso ultimamente e, nos últimos cinco anos, acho que consegui encontrar um equilíbrio. O estresse, sem dúvida nenhuma, é a doença mais crítica que a sociedade moderna enfrenta, e a mais silenciosa que existe, afetando a pessoa de uma forma muito profunda.

Tive momentos muito difíceis na minha vida em que não soube me equilibrar e prestar atenção nos sintomas que apresentava sob estresse. A primeira coisa que fiz foi aprender sobre mim mesmo, ter mais autoconhecimento para conseguir entender quais sintomas eu estava demonstrando de estresse e o que estava fazendo para conseguir equilibrar essa pressão no dia a dia com atividades mais prazerosas.

Então, eu adotei algumas atividades extracurriculares que me ajudam muito. Desenvolvi a disciplina de praticar esporte 5 a 6 vezes por semana, que é o que me dá muito mais força e foco no dia a dia. Gosto muito de futebol! Para mim, é um grande detergente mental ir ao campo.

Procuro ter noites de sono muito bem equilibradas, durmo 7 horas por dia. Se começo a não ter esse sono de qualidade, é um sinal para me cuidar. Também tenho atividades de lazer com minha família constantemente, inclusive, saio de São Paulo com frequência nos finais de semana. Tenho, ainda, algumas outras atividades para conseguir me distrair, como ler material não relacionado a business.

Isso tudo para dizer que lidar com o estresse e a pressão no ambiente de trabalho tem muito a ver com a forma com que você se cuida mentalmente, fisicamente e espiritualmente fora do trabalho. Se você estiver bem fora do trabalho, certamente sua capacidade de lidar com o estresse e a pressão será muito superior.

Leandro Bassoi

“Uma característica peculiar e presente nos profissionais de logística que estão no setor há bastante tempo e que precisam construir e manter operações muito grandes é a resiliência.

CG: Como você se mantém motivado e engajado no trabalho diariamente?

LB: Eu me motivo trabalhando com pessoas inteligentes, em uma empresa que tenha princípios sincronizados aos meus e com visão e proposta de valor alinhadas com algo que eu goste e queira fazer. Se eu não tiver essas três características juntas, não consigo manter o equilíbrio, a motivação e o engajamento.

CG: Quais são os aspectos mais gratificantes e desafiadores de trabalhar com logística?

LB: Isso tem a ver com trabalhar com muitas pessoas. Ao mesmo tempo em que é muito desafiador conseguir mobilizar e engajar quantidades enormes de pessoas para fazer funcionar grandes operações de forma simples, lean, rápida, barata e eficiente, também é gratificante ver essa estrutura funcionando, porque, através dela, as pessoas cresceram e deram passos importantes na carreira.

Com isso, você percebe que, de uma forma ou de outra, você representou um grãozinho na construção naquele castelo que a pessoa está construindo. Alguma parte veio de você e isso, para mim, é a coisa mais gratificante que pode acontecer na carreira de um profissional de logística.   

CG: Como você define o sucesso pessoal e profissional na área de logística?

LB: O sucesso profissional está associado a participar de projetos e cases de sucesso em sua carreira e ver que você apoiou de forma importante a empresa, seja como proprietário ou colaborador, ajudando-a a construir um serviço que agrega valor à vida das pessoas.

Do lado pessoal, a definição de sucesso é o quanto você pode tocar a vida das pessoas que estão ao seu lado: família e amigos. É o quanto você pode passar por essa vida sendo um agente do bem, um agente da mudança para o mundo melhor em toda a comunidade em que está inserido.

E isso se conecta à resposta da pergunta anterior. Para mim, o mais gratificante é perceber que pessoas que passaram pela minha vida profissional ainda me procuram para pedir conselhos. Pessoas que começaram lá embaixo, numa posição júnior e que hoje estão em cargos relevantes de liderança em grandes empresas, me respeitam e me consideram um cara que pode ajudá-los novamente na vida.

É uma das coisas que mais me deixa contente. Isso me diz que estou tendo atitudes corretas para poder ajudar as pessoas, e que elas vão voltar a falar comigo porque de alguma forma o que eu tentei fazer por elas foi certo, independentemente de ser uma decisão positiva ou negativa. 

CG: Com toda sua experiência, que conselho gostaria de ter recebido no começo de sua carreira?

LB: Uma das coisas que aprendi tardiamente foi controlar e gerenciar as capacidades operacionais de forma eficiente para poder antecipar a tomada de decisão sobre a expansão de capacidade, fechamento ou troca de unidades e avaliar alternativas de transporte que pudessem dar mais capacidade operacional com flexibilidade.

Aprendi isso tarde, mas, depois que aprendi, foi uma grande surpresa conseguir trazer flexibilidade para a operação sem necessariamente ter custos excessivamente altos.

CG: Como é sua rotina? 

LB: Acordo cedinho e pratico esportes. No trabalho, me forço a estar na operação pelo menos uma vez por semana. Gostaria de estar mais, mas também tenho que olhar um pouco como técnico do time, não só jogador. Preciso equilibrar todas as atividades de controle operacional com as de acompanhamento de desempenho de pessoas, como estou ajudando meu time a se desenvolver profissionalmente e as atividades de gestão da empresa, do negócio em si.

Também tento me esforçar para não estar o tempo inteiro em reuniões, porque eu preciso de um tempo de ócio criativo. E tenho uma particularidade: como sou divorciado, divido o tempo com os meus filhos. Quando estou com eles, sou muito ativo na gestão de suas atividades. Conto com uma rede de apoio, mas estou o tempo inteiro controlando as idas e vindas deles para atividades, como a escola, e faço lição com eles todos os dias que estão aqui comigo. Minha vida de pai é muito ativa, já que meus filhos têm 7 e 10 anos. 

CG: O que gosta de fazer nos momentos de lazer?

LB: Gosto muito de sair de São Paulo, ir para a praia no calor e para o campo no frio, com meus dois filhos e minha namorada, para poder recarregar as pilhas e me energizar perto da natureza. Quando estou em São Paulo, gosto de aproveitar as coisas boas da cidade, sair para jantar, me encontrar com meus amigos, e muitas vezes faço isso misturando com o esporte.

Também gosto muito de correr em parques e em vários lugares. Tenho família na cidade, mas meu pai mora em Vinhedo, então eu consigo equilibrar os momentos com eles. Gosto muito de me encontrar com a família, de estar com meus filhos, com minha namorada e, sempre que posso, pelo menos duas vezes por mês, saio de São Paulo no fim de semana.  

CG: Como você equilibra suas responsabilidades profissionais com a vida pessoal?

LB: Muitas vezes costumo marcar na minha agenda até mesmo as atividades pessoais que tenho para fazer, como levar meus filhos ao médico, conseguindo participar desses momentos que são em horários mais difíceis de conciliar. Faço questão de participar da vida pessoal deles.

Você só precisa conseguir equilibrar seus horários do dia a dia e saber o que é urgente, o que é importante e o que pode esperar até amanhã ou a semana que vem. Ter essa tranquilidade de saber quando você pode fazer cada uma dessas coisas proporciona flexibilidade.

Por exemplo, em um fim de semana pode ser que você não esteja fazendo nada e possa adiantar alguma coisa útil do trabalho. Isso não quer dizer que você não para de trabalhar nunca, mas que você gerencia bem o seu horário e consegue equilibrar sua agenda para ser eficiente ao longo do tempo e entregar o que precisa.

Eu aprendi a me organizar e, mesmo assim, gosto de separar o sábado como dia em que não trabalho, para poder realmente esfriar a cabeça, fazer tudo que tenho para fazer do lado pessoal e me divertir, porque é uma forma de ser mais eficiente nos dias em que vou trabalhar.       

CG: Quais são seus métodos preferidos de aprendizado contínuo e desenvolvimento profissional?

LB: Existem dois métodos muito eficientes, um deles é a leitura: tradicional, podcast, áudio livros… tem coisa que você pode ler e tem coisa que você pode escutar. É uma das atividades que gosto, pode ser livro, artigo, revista… e tem muitos podcasts bacanas para seguir.

A segunda coisa para se manter atualizado é estar próximo de pessoas muito inteligentes, que estão olhando para a vanguarda do mundo, para o que tem de melhor no planeta. Misturar-se com pessoas desse tipo, estar nesse tipo de ambiente, com pessoas que olham para isso, talvez seja a forma mais eficiente para se manter atualizado. 

CG: Quais seus planos para o futuro?

LB: Meus planos estão totalmente conectados com a MadeiraMadeira. Quero continuar construindo o maior e melhor case de sucesso no setor de móveis aqui no Brasil e também construir um case de sucesso no mundo da logística, fazendo com que a empresa seja um local de destino não só para nossos consumidores, mas também para lojistas e fornecedores, ou seja, que enxerguem que o melhor canal para destinar seus produtos é através da logística da MadeiraMadeira. Esses são meus planos do presente e do futuro.

Gostou desta entrevista? Então leia o perfil de outros mentores da ImLog e aproveite para conhecer nossa Imersão Logística Executiva presencial e nossa Formação Log360o online. Você vai poder conversar diretamente com eles e tirar suas dúvidas, além de fazer networking! Aproveite!

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