A Logística Reversa tem conquistado espaço e reconhecimento em todo o mundo. Em 2022, as projeções indicavam que o mercado global de reversa atingiria a notável marca de US$ 664,9 bilhões e, até 2029, deve ultrapassar os US$ 954 bilhões, segundo dados do Statista.
Neste cenário, a Reverse Logistics Association é uma das principais organizações do mundo sobre o assunto, promovendo estudos, pesquisas e benchmarking sobre logística reversa. Operando desde 2002, a RLA tem-se concentrado cada vez mais na indústria do e-commerce, onde as devoluções ganham relevância. No início de 2023, a RLA foi adquirida pela NRF, que há anos organiza o maior evento de varejo do mundo.
Na semana passada, entre os dias 6 e 8 de fevereiro aconteceu em Las Vegas o evento mais importante do mercado de Logística Reversa em todo mundo, a RLA 2024. O evento abrange o tema nas mais diversas perspectivas como a da Indústria, varejo, liquidações etc. Contando com a presença de executivos dos principais players do setor como Amazon, Walmart, BestBuy, Mercado Livre, Dell, HP, entre outros.
Em 2023, apenas o mercado secundário de logística reversa dos EUA totalizou US$ 100 bilhões. A perspectiva geral compartilhada por todos os painelistas, desde executivos dos principais varejistas, indústrias, bem como pesquisadores de universidades que participaram, é que houve uma mudança relevante no comportamento do consumidor pós-pandemia e devido a esse novo comportamento, a logística reversa para o comércio eletrônico é uma condição que veio para ficar (e continuará a crescer).
A ImLog, em parceria com Fabio Escaleira, Head de Logística Reversa no Mercado Livre, acompanhou todo o evento e elaborou um conteúdo exclusivo repleto de insights sensacionais. Confira a seguir!
Principais tendências e insights do evento
Do tratamento de dados a tecnologias emergentes como IA e machine learning, o setor está caminhando para uma automação cada vez maior.
#1- Privacidade e Dados do Cliente
Uma forte regulamentação vem definindo os responsáveis pelos dados dos clientes ao longo de toda a cadeia reversa, empurrando todos os players a investir em tecnologias e processos para eliminação de dados pessoais de clientes no processo de devolução. Esses dados vão desde simples fotos tiradas em celulares (que são posteriormente devolvidos), até dados complexos de servidores.
#2 – Potencializar a recuperação no mercado secundário
Os principais players estão buscando soluções para utilizar a multicanalidade com intuito de potencializar a taxa de recuperação para produtos de segunda vida. Inteligência artificial e machine learning são plenamente utilizados para definição de produtos que devem ir para reciclagem, venda por lote ou simplesmente voltar para a prateleira.
#3 – Prevenção de Fraude
Proporcionalmente, estima-se que em 2023 houve o dobro de fraudes nas devoluções se comparado com 2018. Nesse cenário, o mercado está claramente dividindo os approaches para fraudes entre fraudadores eventuais – onde políticas e processos têm um papel central -, e fraudadores profissionais, onde novamente a AI e cruzamentos de dados complexos são a principal aposta.
Destaques em termos de tecnologia
Rentabilidade e otimização estão moldando o uso de tecnologias no setor, facilitando o processo de devolução e organização dos itens.
Triagem
Muitas ferramentas de triagem as a service foram apresentadas na conferência. Os produtos observados tem bastante flexibilidade e podem ser utilizados para um grande range de categorias, desde celulares até roupas, por exemplo.
Automação
Começa a ser observada uma tendência para automatizar a triagem e grading de produtos altamente complexos como celulares, computadores e tablets. Além disso, esses robôs de triagem entregam no mesmo “pacote” processo de limpeza física e de dados para produtos de todas as marcas e fabricantes. Por enquanto, não estão claros os benefícios em termos de investimento vs custo operacional, mas em termos de qualidade, certamente aumentaria a confiança no processo.
Remarketing tools
Este é sem dúvida o campo onde a tecnologia parece estar mais desenvolvida. Fornecedores de liquidações, vendas por lotes e venda de produtos de segunda vida, correspondem a quase metade dos estandes presentes na feira. Inteligência Artificial e machine learning para definir o destino mais rentável para o produto parecem ser as novas fronteiras nessa área.
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Amanda Moura é formada em Ciências Sociais e do Consumo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e se dedica a estudar comportamento, consumo e tendências.
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