O agronegócio é um dos setores mais importantes, amplos e diversificados da economia brasileira, sendo responsável por grande parte da produção e exportação de alimentos, grãos, carnes e outros produtos ligados à produção agropecuária e seus derivados.
Basicamente, pode ser dividido em três níveis: primário (produtores rurais), secundário (agroindústrias e insumos) e terciário (distribuição, comércio e serviços).
Para entender o impacto de suas atividades, em 2023, espera-se que o PIB do agronegócio brasileiro, calculado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), alcance R$ 2,65 trilhões (uma participação próxima de 24,5% na economia do país).
Além disso, segundo dados levantados pela FGI, outro especial destaque para o papel do agronegócio brasileiro está no fato de ser responsável por 42% de tudo o que o nosso país exporta, além de responder por 37% dos empregos gerados.
No entanto, essa atividade também gera uma quantidade significativa de resíduos, que precisam ser gerenciados de forma adequada para evitar impactos negativos no meio ambiente e na saúde humana.
Uma das formas de se fazer isso é por meio da logística reversa, um conjunto de ações que visa dar um destino ambientalmente correto aos produtos e materiais após o seu consumo.
Neste artigo, vamos explicar o que é logística reversa, como ela pode ser aplicada na logística do agronegócio e quais são os benefícios dessa prática para o setor e para a sociedade.
O que é a logística reversa no campo?
Segundo o art. 3º, XII, da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), a logística reversa pode ser definida como o:
“instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”.
Em resumo, trata-se do processo de retorno dos materiais ao seu fabricante ou a outro agente responsável.
Dito isso, o agronegócio é um dos segmentos que mais se beneficia desse sistema, pois utiliza diversos tipos de produtos que podem ser reaproveitados ou reciclados, como embalagens, pneus, baterias, óleos lubrificantes, equipamentos eletrônicos, entre outros.
Um bom exemplo é o caso de tratamento das embalagens de defensivos agrícolas (agrotóxicos), que são usados para proteger as lavouras de pragas e doenças. Como essas embalagens contêm resíduos químicos que podem ser nocivos à saúde e ao meio ambiente, é crítico que sejam descartadas da maneira correta.
Não é a toa que, para minimizar esse problema, foi criado o Sistema Campo Limpo – um programa gerenciado pelo inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias) – que consiste na coleta, lavagem e destinação ambientalmente adequada dessas embalagens vazias. Desde o início da operação, em 2002, dados da Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal) mostram que essa iniciativa vem produzindo impactos significativos no setor. Vejamos:
Outro exemplo de reversa no campo é o reaproveitamento dos resíduos orgânicos gerados nas atividades agropecuárias, como restos de culturas, esterco animal, cascas de frutas, bagaço de cana-de-açúcar etc., que podem ser transformados em adubo orgânico (compostagem) ou em biogás (biodigestão), gerando energia renovável e fertilizante natural para as lavouras.
Assim, evita-se que esses resíduos sejam jogados na natureza ou em locais inadequados, causando poluição, contaminação e desperdício de recursos.
Quais são os benefícios da logística reversa no agronegócio?
A logística reversa no agronegócio traz uma série de vantagens para o setor e para a sociedade em geral. Entre elas, podemos destacar:
- Redução do impacto ambiental: ao evitar que os resíduos sejam descartados na natureza, a logística reversa contribui para a preservação dos recursos naturais, como solo, água e biodiversidade, além de reduzir a demanda por matérias-primas e a emissão de gases de efeito estufa.
- Economia de custos: com o reaproveitamento de produtos e materiais é gerada uma grande economia para os produtores rurais, que podem reduzir seus gastos com insumos, energia e transporte. Mais que isso, também é possível gerar receita para o setor, ao transformar os resíduos em novos produtos ou fontes de energia.
- Cumprimento da legislação: ao adotar a logística reversa, o agronegócio atende às exigências legais que regulam o gerenciamento dos resíduos sólidos no país, evitando multas, sanções e prejuízos à imagem do setor.
- Responsabilidade social: a sua promoção demonstra a preocupação do negócio com o bem-estar da sociedade e com o desenvolvimento sustentável do país, podendo gerar mais empregos e renda para as comunidades envolvidas no processo.
Como implementar a logística reversa no seu negócio?
Como visto, a logística reversa é uma prática essencial para o agronegócio brasileiro, já que visa dar um destino ambientalmente correto aos produtos e materiais após o seu uso.
Para implementar essa estratégia em sua companhia é importante não só melhorar as suas operações internas (por exemplo: varejistas e processadores de alimentos podem acelerar o processo e reduzir o desperdício por meio de uma melhor triagem, segregação, autorização centralizada de devolução e terceirização de transporte com o próprio cronograma de coleta), como também desenhar um layout eficiente do armazém (tendo em mente o manuseio de retorno, local de recebimento e locais de armazenamento futuros, e não apenas o fluxo direto) e implementar a automação para simplificar o manuseio de retorno para itens homogêneos, como material transportador, gaiolas, caixas e paletes…).
Seja como for, havendo um fluxo de informações preciso para fornecer rastreabilidade e fechar o loop, a logística reversa no campo pode ser uma importante alavanca de crescimento para o seu negócio.
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Amanda Moura é formada em Ciências Sociais e do Consumo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e se dedica a estudar comportamento, consumo e tendências.
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