As varejistas asiáticas estão dominando o Brasil. Enquanto a Shein inaugurou escritório em São Paulo e alugou um galpão logístico de 135 mil m², em Guarulhos, a Shopee tem atualmente a maior operação no país, com 7 mil funcionários, vários andares na Faria Lima e mais de 120 mil m² de galpões logísticos classe A.
A empresa diz que 85% das vendas já são de vendedores locais e que mais de 3 milhões de sellers estão em sua plataforma. A efeito de comparação, o marketplace do Magazine Luiza tem 281 mil.
A AliExpress, por sua vez, tem a menor operação local, no entanto, também possui escritórios na Faria Lima e segue investindo em tecnologia e infraestrutura, trazendo oito voos semanais de mercadorias da China.
A estratégia por trás do crescimento
No maior evento de comércio eletrônico do país, o Fórum E-commerce Brasil, a AliExpress ocupou um dos maiores stands da feira, além de ser patrocinadora do evento, juntando-se a outras gigantes do mercado, como Amazon e Magalu.
A empresa que faz parte do grupo Alibaba também ofereceu promoção de cashback nas comissões durante os três primeiros meses, buscando aproximar-se dos sellers.
Além disso, cobra comissões menores que a concorrência (entre 5% e 8%, em comparação a 20%). Esse percentual ainda pode aumentar dependendo da quantidade de serviços contratados, como o fullfilment (armazenagem em galpões da própria varejista), a entrega mais rápida ao consumidor e anúncios.
Seguindo uma estratégia similar, a Shopee zerou a comissão paga pelos sellers.
Por fazerem parte de grupos consolidados, é mais fácil para os varejistas asiáticos optar pelos cupons de desconto e frete subsidiado, ótima opção para fidelizar os clientes. Vale ressaltar que tanto o Sea Limited quanto o Alibaba, empresas listadas na Nyse, apresentam certa disposição para queimar caixa em mercados prioritários, caso do Brasil.
De acordo com Yan Di, ex-country manager da AliExpress no Brasil, Shein, Shopee e AliExpress conquistaram mercado o nacional rapidamente porque têm acesso a fornecedores e produtos, apostam em preços baixos, subsídio, eficiência e tecnologia, enfrentando menos concorrência que na Ásia.
As varejistas asiáticas acompanham as novas formas de comprar
Em 2021, Shein e Shopee faturaram mais de R$ 10 bilhões apenas no Brasil, superando empresas nacionais como Marisa e Casas Bahia. No ano seguinte, a Shein quadruplicou de tamanho e conquistou 5% de todo o varejo de vestuário nacional. Se cumprir as expectativas de dobrar as vendas em 2023, ultrapassará a Renner, tornando-se líder no segmento.
O futuro é imprevisível, mas o sucesso das varejistas asiáticas já pode ser explicado. Enquanto gigantes nacionais seguem um modelo de compra menos interativo, Shein, Shopee e AliExpress assemelham-se a redes sociais, tornando-se muito mais atraentes para o consumidor.
Concorrência desleal
Apesar do rápido crescimento, muitas empresas brasileiras pedem equidade no tratamento fiscal, um tema sensível e que ganhou repercussão nos últimos meses.
As varejistas brasileiras criticam a isenção às empresas do pagamento do imposto de importação de 60% sobre compras internacionais de até US$ 50. Nesse cenário, a reivindicação é que, assim como as varejistas brasileiras, as gigantes internacionais contribuam com o pagamento de tributo, resultando em uma maior igualdade de condições.
O Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), que representa os interesses das varejistas brasileiras, estima que as remessas internacionais de pequeno valor (de até US$ 50) somaram R$ 20,8 bilhões entre janeiro e maio deste ano e que a perda de arrecadação federal foi de R$ 12,5 bilhões no período.
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Amanda Moura é formada em Ciências Sociais e do Consumo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e se dedica a estudar comportamento, consumo e tendências.
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