Estima-se que 36 milhões de pessoas não têm acesso a entrega em domicílio, realidade que a naPorta trabalha para mudar.
A relação de Sanderson Pajeú com as entregas em domicílio sempre foi conturbada. Criado na periferia do Itaim Paulista, bairro na Zona Norte de São Paulo, era normal utilizar outros CEPs para receber encomendas:
“Era comum para mim e para os meus amigos não receber encomendas. Todo mundo que mora nesses locais sabe que vai ter esse problema, então a pessoa pede para entregar no trabalho, usa o endereço de outra pessoa ou vai até a loja comprar”, conta Pajeú, um dos fundadores e atual CEO da startup.
De acordo com o Instituto Locomotiva e o Data Favela, 36,2 milhões de pessoas enfrentam a mesma dificuldade que ele, muitas vezes, tendo que se deslocar 3 – 4 km para chegar à agência mais próxima ou precisa colocar no CEP de outra pessoa.
Com o objetivo de realizar o “last mile” para regiões restritas, surgiu a naPorta, logtech fundada por Sanderson Pajeú, Katrine Scomparim, Rodrigo Yanez e Leonardo Medeiros, que já foi um dos alunos da Formação Executiva ImLog.
O tamanho do problema é também o tamanho da oportunidade de fazer a diferença
No início, uma das maiores dificuldades da logtech era conseguir fazer um pitch que superasse a desinformação. A população dessas áreas é tão expressiva que se fosse um estado seria o 4º maior do país, ou seja, não se tratava de um nicho de mercado, mas sim de uma oportunidade enorme.
Dos R$180 bilhões movimentados nas favelas anualmente, R$81 bilhões apresentam potencial de consumo via e-commerce, comprovando que atuar para garantir maior acessibilidade a esses locais significava também movimentar a economia.
Apesar das complicações iniciais, a naPorta convenceu e em dezembro de 2021 recebeu um aporte inicial de 300 mil dos fundos LGA e WOW, além de uma série de reconhecimentos e prêmios. A startup também tem parceria com a ONG Gerando Falcões.
Solução naPorta: o ecossistema que torna tudo possível
Embora uma série de fatores influenciem as restrições, é possível destacar três:
- Acessibilidade complicada (como em algumas áreas rurais e regiões ribeirinhas do Brasil);
- Falta de agências ou centros de distribuição próximos;
- Insegurança na região
Por meio da tecnologia, a solução logística desenvolvida pela naPorta une operação, entregadores e clientes em um ecossistema funcional, levando conveniência e praticidade para esses lugares.
Operação
Com uma estrutura padronizada e pronta para receber as mercadorias, a logtech mantém um bom fluxo operacional nas regiões atendidas, garantindo padrões logísticos eficazes.
Cada região atendida conta com um ponto de apoio para o processamento e roteirização das encomendas que chegam de empresas como C&A, Riachuelo, Americanas, Mercado Livre, Magazine Luiza e Petlove.
“O ponto fica próximo das áreas das comunidades, para garantir que as transportadoras consigam chegar até nós ou para que possamos recolher nas lojas”, conta o sócio-fundador Leonardo Medeiros.
A monetização da startup acontece por meio da retenção de uma taxa de frete cobrada dos varejistas, atuando como uma extensão dessas empresas.
Entregadores
Entregadores locais são responsáveis por agilizar as entregas. Com pacotes de incentivo, a startup os mantém motivados e dedicados. Também vale destacar que o responsável pela conexão entre o ponto de apoio e o cliente final é um líder operacional também local.
Clientes
Os clientes, antes excluídos por serviços de entrega convencionais, podem optar pela retirada na agência ou entrega sem custos adicionais. Além disso, também podem rastrear suas mercadorias sem complicações.
Esses três pilares (operação, entregadores e clientes), garantem o pleno funcionamento da solução, criando um ecossistema harmônico e ágil, capaz de atender compras online e delivery, gerando impacto social e econômico nas regiões onde opera.
Atualmente, a naPorta é um Logistic as a Service (LaaS) para áreas restritas, zonas rurais, regiões ribeirinhas e periféricas, oferecendo uma solução completa para os clientes, desde entrega Last Mile, Middle Mile, Reversa, Entrega Agendada a Ponto de Retirada, tudo isso com tecnologia de ponta a ponta.
“Atuamos com mini hubs nas adjacências das comunidades onde ainda há o acesso para recebimento das mercadorias que vem de nossas operações Cross Docking, em áreas estratégicas da cidade.” – Katrine Scomparim, co-founder & CMO da naPorta
Hoje, a naPorta está presente em 83 localidades no eixo Rio-São Paulo e atende cerca de 40 favelas. De 2022 até o primeiro trimestre de 2023, foram mais de 100 mil entregas realizadas e mais de 50 mil clientes impactados.
Outras iniciativas de impacto da logtech
Além das entregas, a naPorta promove “senso de pertencimento, empoderamento e dignidade” e para isso, investe em outras iniciativas de impacto, como CEP Digital e equidade de gênero.
Através da tecnologia de Plus Codes, a logtech mapeou endereços digitalmente, viabilizando a criação de CEPs digitais para milhões de brasileiros. Atualmente, a solução já impactou mais de 50 mil consumidores.
Outra iniciativa envolve equidade de gênero. Atualmente, apenas 17% das mulheres ocupam cargos de gestão no setor de logística, e para contribuir com o empoderamento feminino, a naPorta mudou processos de contratação e trabalhos na frente de viés inconsciente. Atualmente, 50% do time é composto por mulheres.
Saiba mais
A naPorta, assim como a ImLog, está comprometida em construir uma logística mais acessível, sustentável e com impacto social positivo. Quer saber mais sobre a Nova Logística? Conheça a Imersão Executiva da ImLog e não perca a oportunidade de ampliar seus conhecimentos e sanar dúvidas diretamente com experts do setor!
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Amanda Moura é formada em Ciências Sociais e do Consumo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e se dedica a estudar comportamento, consumo e tendências.
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