Estudo de caso: como a Starbucks se tornou uma cafeteria global

A cafeteria americana tornou-se sinônimo de experiência premium de café, associada a um estilo de vida e a uma comunidade global de fãs, porém, para sustentar seu diferencial competitivo, precisou investir em uma estratégia de supply chain poderosa.
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O Starbucks foi fundado em 1971 por três amigos: Jerry Baldwin, Zev Siegl e Gordon Bowker, e inicialmente, a empresa era conhecida como “Starbucks Coffee, Tea and Spices”. A ideia inicial do negócio girava em torno do fornecimento de grãos de café de alta qualidade e equipamentos para preparar café em casa. 

Assim, eles importavam grãos de café arábica de alta qualidade de várias partes do mundo, porém, tudo mudou quando Howard Schultz, um vendedor de máquinas de café e cliente da Starbucks, entrou na empresa em 1982.

Inspirado por uma viagem feita para a Itália, ele convenceu os fundadores a experimentar a ideia de vender café preparado diretamente nas lojas, modificando o modelo original de varejo de grãos.

Em 1984, Schultz adquiriu a Starbucks dos fundadores e começou a expandir o conceito de cafeterias, transformando a empresa em uma marca global de café. 

Ao longo dos anos, o Starbucks cresceu significativamente e expandiu-se para todo o mundo, tornando-se uma das marcas mais reconhecidas e bem-sucedidas no setor de cafeterias. 

Neste artigo, explicamos em detalhes como sua estratégia de supply chain teve um papel fundamental para o seu crescimento e consolidação no mercado.

Gestão empresarial: por dentro da cadeia de valor do Starbucks

Antes de falar sobre estratégia de supply chain, é interessante entender o conceito de gestão empresarial da cadeia de valor, apresentado e descrito  por Michael Porter no livro Competitive Advantage: Criando e Sustentando Desempenho Superior.

A ideia geral da cadeia de valor envolve todos os aspectos das atividades operacionais de uma empresa e pode ser estudado em combinação com a cadeia de suprimentos.

Enquanto a cadeia de suprimentos se concentra no processo de aquisição de bens e serviços de fornecedores, a cadeia de valor estuda o valor acrescentado através de uma série de atividades ou processos que visam criar valor rentável para uma oferta de produto.

Essa abordagem é importante para entender o negócio do Starbucks, afinal, o valor de sua oferta aumenta expressivamente desde a aquisição dos grãos de café até a distribuição e atendimento ao cliente.

Mas como esse valor realmente é gerado? Geralmente, as atividades de negócios da cadeia de valor são divididas em atividades primárias e atividades secundárias:

  • Atividades primárias: focam em criar um bem ou serviço
  • Atividades secundárias: ajudam a melhorar a eficiência e o trabalho de uma oferta, conquistando maior vantagem competitiva.

Para os gestores de logística, a análise da cadeia de valor pode ser tão importante quanto a análise da cadeia de suprimentos, juntamente com outros indicadores e medições chave de desempenho.

A seguir, ilustramos como as atividades do Starbucks se enquadram na análise da cadeia de valor, ajudando a empresa a construir diferencial competitivo.

Atividades primárias

  • Logística de entrada

O Starbucks não terceiriza suas compras de grãos de café, o que garante o padrão de qualidade desde o começo. A empresa tem compradores que selecionam grãos de alta qualidade de diferentes regiões do mundo, que depois de comprados, são transportados para armazenamento, torrados e embalados.A embalagem  exclusiva já aumenta seu valor de venda do produto.

  • Operações

A Starbucks opera em mais de 84 mercados, seja na forma de lojas próprias ou lojas licenciadas. (A Starbucks não segue os termos tradicionais de franquia.) A empresa possui mais de 36.000 lojas em todo o mundo. É também proprietária de diversas marcas, incluindo Teavana e Evolution Fresh.

  • Logística de saída

Há muito pouca ou nenhuma presença de intermediários na venda de produtos do Starbucks. A maioria é vendido em lojas, o que torna o armazenamento, transporte e  distribuição para locais de varejo importantes. 

  • Marketing e vendas

O marketing do Starbucks baseia-se na divulgação de produtos de qualidade superior e em alto nível de atendimento ao cliente. As campanhas focam principalmente no lançamento de novos produtos, divulgados em forma de amostragem nas áreas próximas às lojas.

  • Serviço

O Starbucks costuma fidelizar o cliente por meio do atendimento da loja. Uma vez que um dos principais objetivos da empresa é oferecer uma experiência exclusiva, uma quantidade substancial de valor é criada quando os baristas preparam bebidas para os clientes.

Atividades secundárias

  • Infraestrutura: departamentos de gestão, finanças, jurídico, entre ourtros. Gerentes comerciais, escritórios corporativos e colaboradores. 
  • Gestão de recursos humanos: os funcionários do Starbucks são motivados por benefícios e incentivos generosos, o que mantém a rotatividade baixa, o que reflete em uma ótima gestão de pessoas.
  • Desenvolvimento tecnológico: O Starbucks é muito conhecido pelo uso de tecnologia mão apenas para desenhar processos, mas também para se relacionar com os clientes – colhendo feedbacks e tornando a experiência nas lojas mais eficiente.
  • Compras: O Starbucks cuida de toda a aquisição de seus próprios grãos de café, o que considera uma de suas vantagens competitivas.

A estratégia de supply chain do Starbucks

Como mencionado, a gestão da cadeia de suprimentos garante que haja um fluxo eficaz de matérias-primas e outros insumos necessários para criação dos produtos finais.

Devido a uma rápida expansão global, o  processo de adquirir insumos e enviá-los às lojas era caro, e o Starbucks enfrentou múltiplos desafios para abastecer suas cafeterias espalhadas pelo mundo.

Para superá-los, a estratégia se concentrou na redução de custos, melhoria da eficiência e redução de riscos. Além disso, priorizou o fornecimento de produtos de qualidade, diminuindo despesas e minimizando impactos ambientais. 

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Pilares estratégicos 

Ao analisar os elementos da estratégia da cadeia do Starbucks, é essencial considerar os vários componentes existentes.

Abastecimento

Em primeiro lugar, a Starbucks possui um processo de abastecimento eficiente. A empresa obtém os melhores grãos de café de todo o mundo, garantindo que seus clientes recebam um café mais fresco, trabalhando em estreita colaboração com os seus fornecedores e agricultores.

Fabricação

Em segundo lugar, a Starbucks possui um processo de fabricação robusto. A empresa utiliza tecnologia e automação para agilizar as operações e garantir a máxima eficiência. Isso permite uma produção de alta qualidade em tempo hábil e com boa relação custo-benefício.

Logística

A empresa possui uma extensa rede de armazéns, centros de distribuição e lojas de varejo, o que a ajuda a entregar produtos aos clientes com mais rapidez. Além disso, a empresa utiliza tecnologia avançada para fazer a gestão de estoque e rastrear remessas.

Distribuição

Com uma ampla variedade de pontos de vendas – físicos e digitais -, o Starbucks é capaz de alcançar os clientes de um jeito mais simples e econômico. Além disso, a empresa usa campanhas de marketing direcionadas para aumentar a conscientização e o envolvimento do cliente com a marca.

Por que o Starbucks é tão famoso?

O Starbucks tem tido sucesso na sua estratégia de supply chain. Ao aproveitar a tecnologia, focar na eficiência e priorizar a qualidade, conseguiu criar uma cadeia econômica e confiável.

Além disso, a empresa desenvolveu parcerias sólidas com seus fornecedores, o que lhes permitiu manter os custos de produção baixos e ainda ter mais controle sobre processos de sustentabilidade e padrão de qualidade.

Além de uma logística contemporânea e tecnologia, o principal diferencial do Starbucks foi seu foco na experiência do cliente, investindo no atendimento, em uma atmosfera acolhedora das lojas, design atraente dos espaços e a personalização das bebidas. 

Segundo dados de 2019 disponibilizados pela empresa, são mais de 30 mil lojas em 80 mercados, reforçando que o negócio é um verdadeiro império do café.

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  • Amanda Moura

    Amanda Moura é formada em Ciências Sociais e do Consumo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e se dedica a estudar comportamento, consumo e tendências.

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