Com mais de 20 anos de experiência, Fernando Gasparini passou pelas principais empresas de varejo do Brasil.
Apaixonado pela logística e seus desafios, ele se considera propositalmente curioso e tem um grande interesse em descobrir e utilizar novas tecnologias que impulsionem a produtividade. Enquanto líder, uma de suas maiores missões é motivar a equipe a desafiar o status quo, sempre na busca por melhorar continuamente.
Atual Diretor Executivo de Supply Chain do Grupo Casas Bahia, passou por importantes cargos como na logística do Walmart e Carrefour. Além disso, contribuiu de maneira significativa para a gestão da cadeia de suprimentos em empresas como Marfrig Group, Magazine Luiza, Pernambucanas e Grupo Pão de Açúcar.
Veja as lições, histórias, vitórias e aprendizados deste grande líder em entrevista exclusiva para a ImLog.
Você já passou por diversas empresas no varejo. O que aprendeu em cada uma delas que pôde aplicar nas subsequentes e o que te motivou a seguir esta área?
FG: Embora no mesmo setor, cada empresa, a sua maneira, busca diferentes batalhas para entrar. Assim sendo, ao longo do tempo consegui ter uma visão completa do ecossistema e entender o que é de fato a prioridade para cada empresa naquele estágio da história baseado na experiência mas também em dados do setor/empresa. A motivação de ficar no setor sempre foi o dinamismo e o imediatismo da área, eu simplesmente não gosto de rotina.
Trabalhar em grandes varejistas deve ser desafiador. Quais são os principais obstáculos que você enfrenta no dia a dia? E qual foi o momento mais desafiador da sua carreira até agora?
FG: O dinamismo do varejo exige muito “jogo de cintura”. Acompanhar as variações das demandas do mercado, concorrência e instabilidade do país faz com que tenhamos que ser precisos nas escolhas do dia a dia, escolhas tais como direcionamentos de investimentos em recursos (de curto, médio e longo prazo), tenha um time experiente e fortalecido nos pilares principais do negócio e, acima de tudo, ter uma habilidade interpessoal que reduz a fricção entre as áreas e colaboradores da empresa.
Como você equilibra os objetivos de reduzir custos, aumentar a eficiência e garantir a qualidade e a sustentabilidade do supply chain? Quais são as melhores práticas e os casos de sucesso que você pode compartilhar?
FG: O equilíbrio vem das escolhas assertivas para o momento da empresa/setor. “Tudo não terás!”, é a frase que eu costumo usar bastante. O Grupo Casas Bahia tem clareza do sortimento e as regiões onde quer ser referência e que portanto é foco de investimentos.
Você mencionou que gosta de inspirar as pessoas e melhorar processos. Pode dar um exemplo de quando conseguiu transformar um processo na empresa?
FG: A maestria nisto está em fazer com poucos recursos. Tenho várias situações mas a que marcou muito foi quando tínhamos que viabilizar a entrega de linha branca e móveis em 24 horas, no GPA, em 1998. Coloquei em uma mesma sala o pessoal que fazia o PCP da produção e TI. Fizemos as provocações corretas, questionamos o status quo do processo de TI e dali saímos com “sacadas” muito mais ligadas a atitudes do que a TI e processo.
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Além disso, quais são os valores e os princípios que norteiam a sua atuação como diretor de supply chain? Como você transmite esses valores para a sua equipe e para os seus parceiros?
FG: Os principais pontos são os ligados a transparência total no dia a dia, comunicação rápida, agendas com foco e muito dado para tomar decisão. Intuição é importante desde que os dados confirmem a decisão. A transmissão disto tudo costuma ser superprodutiva através das squads que nascem para tratar as dores que impedem a evolução consistente do negócio.
Fora do ambiente corporativo, como você gosta de passar seu tempo livre? Tem algum hobby especial?
FG: Eu costumo estar com a família, seja para ver um filme/série ou ir pro sítio no final de semana. Costumo também ler temas importantes para o meu ramo de atuação.
O supply chain passou por grandes transformações nos últimos anos com novas tecnologias. Quais as tendências que você acredita que irão impactar mais a área nos próximos anos?
FG: Vamos ter uma outra ruptura em tecnologia em um espaço curto de tempo. As ferramentas atuais potencializadas com AI e gestão de dados aliadas a novas ferramentas vão contribuir muito para isto. Tecnologias ligadas a sustentabilidade devem fazer grande diferença também uma vez que devem buscar equilibrar o tema no pilar financeiro. IA e ESG serão as variáveis de grande impacto nos próximos ano. Olhando para o Brasil o tema tributário também deve impactar as malhas logísticas atuais.
Quais são os seus planos e projetos para o futuro? O que você ainda deseja aprender e realizar na sua carreira? Como você se vê profissionalmente em 5 ou 10 anos?
FG: Eu sou a geração que aprendeu sem o Google. Fico muito ligado a novas tecnologias e em aprimorar minha visão estratégica de negócio. Nos próximos 12 meses vou dedicar uma parte importante do meu tempo livre em reinventar minha visão de tecnologia com foco AI, AI Generativa, ainda mais cultura de dados, cibersugurança, blockchain e aplicação de ferramentas como chatgpt etc.
Para encerrar, se pudesse dar apenas um conselho para um jovem que está começando sua carreira em supply chain, o que diria?
FG: Tire o “não sei” do seu vocabulário. Não terceirize o teu problema. Busque as respostas e seja protagonista no seu segmento.
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Amanda Moura é formada em Ciências Sociais e do Consumo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e se dedica a estudar comportamento, consumo e tendências.
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