O algodão brasileiro tornou-se mais sustentável! A primeira iniciativa aconteceu ainda em 2021 com a ABR-UBA, certificação sustentável que abrangia todos os elos da cadeia produtiva, no entanto, continuava valendo da porteira para dentro. Agora, as certificações dão um passo além e chegam até os portos. Os terminais de Santos são prioridade.
A cultura do algodão brasileiro é uma potência
Entre agosto de 2022 e junho de 2023, a cultura do algodão rendeu US$ 2,7 bilhões em divisas ao Brasil, que é o quarto maior produtor e segundo principal exportador mundial de algodão.
Apesar desses números expressivos, algumas medidas devem ser tomadas a fim de continuar exportando, principalmente do ponto de vista sustentável.
Por isso, esse mês, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), firmaram uma parceria para emitir selos ABR-LOG, uma certificação socioambiental para os terminais retroportuários, responsáveis por:
- Recebimento dos fardos;
- Armazenamento;
- Estufagem do contêiner;
- Embarque.
A iniciativa faz parte do programa Cotton Brazil, que visa promover a fibra brasileira no mercado internacional.
A emissão atende a uma antiga demanda de compradores preocupados com as condições socioambientais envolvidas no processo de produção e envio do algodão.
Problemas que são solucionados através das certificações
Além das questões socioambientais, as certificações fortalecem a qualidade e integridade com as quais o algodão é enviado e chega até os compradores, como comentou Alexandre Schenkel:
“Nas visitas às indústrias, não raramente, temos encontrado fardos de algodão de origem brasileira sujos e com as capas rasgadas. Além do comprometimento do aspecto, os danos na capa de proteção favorecem a contaminação do produto. Não chega ao nível de cancelamento de compras, mas entregar um fardo íntegro é do interesse dos produtores e exportadores, para manter a reputação de qualidade do algodão brasileiro”. completa.
Esses problemas foram identificados pela Abrapa durante missões internacionais realizadas todos os anos, principalmente em países da Ásia, que são essenciais para entender e discutir as impressões que o mercado tem sobre o algodão brasileiro.
Algodão brasileiro mais sustentável: empresas aprovadas
As empresas que aderiram ao programa e já foram auditadas e aprovadas são a S. Magalhães & Essemaga (que tiveram seus terminais de Alemoa e Guarujá chancelados pelo programa), a Hipercon Terminais de Carga, de Santos e a Louis Dreyfus Company (LDC), com terminal em Cubatão (SP).
A Brado Logística (MT) e o Tecon Salvador (BA), também aderiram ao programa, passaram pela auditoria e em breve devem receber seus certificados.
Os terminais de Santos são prioridade, afinal, deles saem 97% das exportações de algodão, como afirma Schenkel: “Convidamos mais cinco terminais de Santos, Guarujá e Cubatão, e estamos em discussão para que eles possam fazer parte do ABR-LOG, ainda no período comercial 2023/2024.”.
Etapas da certificação
Para conseguir a certificação, os terminais interessados assinam voluntariamente um termo de adesão ao ABR-LOG. Depois, devem agendar uma auditoria presencial, realizada por certificadoras de terceira parte, de renome internacional. No período comercial 2023/2024, a Control Union é a responsável pelas auditorias.
Durante a auditoria, são verificadas:
- Regularidade das relações trabalhistas
- Utilização de mão de obra estrangeira irregular
- Segurança do trabalho
Além desses, outros critérios são avaliados. A verificação do emprego de crianças e a prática de trabalho forçado ou análogo à escravidão desabilitam o terminal imediatamente.
Ao longo do tempo, o programa prevê um processo de melhoria contínua. No primeiro ano, são necessários 80% de conformidade na lista de certificação, a partir da segunda safra, deverá ser igual a 82%, aumentando o nível de conformidade em 2% a cada ano.
“Os resultados esperados são que o comprador receba os fardos de algodão íntegros após o transporte, padronização e melhoria das operações de estufagem nos terminais brasileiros e o fortalecimento de quesitos sociais e ambientais em mais um elo da cadeia produtiva”, conclui o presidente Alexandre Schenkel.
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Amanda Moura é formada em Ciências Sociais e do Consumo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e se dedica a estudar comportamento, consumo e tendências.
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