Venda de chocolates na Páscoa deve ser 17% maior que antes da pandemia
Fabricantes e transportadoras se preparam para atender a demanda do feriado cristão, seja de chocolates, seja de peixes. Veja, ainda, dados sobre o perfil dos consumidores brasileiros e quatro mudanças significativas no hábito de compras.
- Carol Gonçalves
Com a chegada da Páscoa, um dos feriados mais importantes do calendário brasileiro, o setor varejista se prepara para atender a demanda dos consumidores ávidos por chocolates e peixes.
Nesta matéria, acompanhe o perfil dos consumidores brasileiros segundo a IBEVAR – FIA Business School e a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Veja também estratégias da Lindt e da Transportes Marvel para lidar com as demandas do setor e confira quatro mudanças significativas no hábito de compras dos consumidores.
Alta dos chocolates
Com certeza, o produto que mais movimenta o varejo é o chocolate. Todas as grandes multinacionais do setor estão presentes no território brasileiro, gerando cerca de 39 mil empregos, entre ocupações diretas e temporárias durante o período da Páscoa.
Dentre esses estabelecimentos, 85% são de pequeno porte, com até 19 funcionários, enquanto 46% dos empregos são gerados pelas empresas com mais de 500 funcionários. Estima-se que o valor bruto da produção industrial do setor chegue a R$ 12,2 bilhões, apresentando um aumento de 9% em uma década.
Segundo estudo da IBEVAR – FIA Business School, as vendas de ovos de chocolate devem registrar o mesmo nível observado em 2020, 2021 e 2022, mas serão quase 17% maiores que o registrado nos anos 2018 e 2019, período anterior à pandemia.
Apostando na diversificação
A Lindt, especializada em chocolates premium, aumentou, neste ano, sua produção de ovos de Páscoa em 50%, em comparação com 2022, para atender a demanda cada vez maior dos consumidores.
“Estamos otimistas com a Páscoa, principalmente porque nos dois últimos anos o mercado ainda estava se recuperando das consequências da pandemia. Por isso, em 2023 investimos em inovação, em novos formatos de ovos e no aumento significativo da produção”, declara Walter Angst, CEO da Lindt no Brasil.
Tendências em compras
A expansão na venda de ovos acompanha mudanças significativas no hábito de compras dos consumidores. A pesquisa IBEVAR – FIA Business School identificou quatro grandes tendências:
- Personalização: Os consumidores buscam cada vez mais presentes exclusivos que reflitam seus gostos e preferências individuais, levando a um aumento na demanda por ovos de Páscoa de chocolate personalizáveis e outros itens de confeitaria. Isso reflete na força e espaço dos ovos não industrializados.
- Premiumização/Gourmetização: À medida que a economia brasileira continua crescendo e a classe média se expande, aumenta a demanda por produtos premium e de luxo para a Páscoa. Essa tendência é visível em várias categorias, desde ovos de chocolate artesanais com recheios requintados até conjuntos de presente de edição limitada com chocolates gourmet e outros itens especiais.
- Alternativas preocupadas com a saúde: À medida que as tendências de saúde e bem-estar ganham força, os consumidores brasileiros buscam cada vez mais alternativas mais saudáveis aos tradicionais chocolates de Páscoa. As marcas estão respondendo a essa demanda oferecendo produtos feitos com ingredientes alternativos, como cacau orgânico, teor reduzido de açúcar e adoçantes alternativos como a estévia. Além disso, há um mercado crescente para produtos de Páscoa veganos e sem glúten que atendem a consumidores com restrições ou preferências alimentares.
- Produtos inovadores e experimentais: Para se diferenciar em um mercado cada vez mais competitivo, as marcas estão desenvolvendo produtos que oferecem experiências únicas e memoráveis. Isso inclui ovos de chocolate interativos com surpresas, kits de fabricação de chocolate DIY (Do it yourself) e colaborações de edição limitada com franquias ou personagens populares.
Bacalhau em queda
A Páscoa é um feriado cristão, seguido por quase 190 milhões de pessoas, de acordo com o último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. Essas pessoas evitam comer carne no período da Quaresma, em especial, na Sexta Feira Santa, e acabam movimentando o mercado de peixes, como o bacalhau.
Mas, segundo estudo do IBEVAR – FIA Business School, as vendas de bacalhau vêm caindo acentuadamente desde 2017. Na Páscoa de 2023, serão quase 40% menores que as ocorridas em 2017.
Existem várias razões para essa queda, no entanto, a principal delas está relacionada ao aumento do preço do produto e às limitações financeiras dos brasileiros. “Para dar um exemplo, o preço do bombom de bacalhau aumentou em 150%, enquanto, no mesmo período, o rendimento médio real das pessoas ocupadas diminuiu em 3%”, explica Claudio Felisoni, presidente do IBEVAR e professor da FIA Business School.
A logística dos peixes
A Transportes Marvel, empresa da JSL, estima transportar nesta Páscoa entre 3,5 mil a 4 mil toneladas de peixes congelados e frescos, quantidade superior à de 2022, quando foram carregadas cerca de 3 mil toneladas no período.
A movimentação começou em março e vai até o início de abril, com cerca de 15 a 20 carregamentos por semana, nos quais cada caminhão leva 24 toneladas por viagem.
Na Páscoa, o volume de pescada transportada pela empresa para o Brasil aumenta em 40% na comparação com outras épocas do ano. A maior parte dos peixes vêm de Puerto Natales e Punta Arenas, no extremo sul do Chile, e atravessam a chamada Rota do Fim do Mundo para chegar ao Brasil.
Para a entrega nas cidades do sul de Santa Catarina, a viagem demora de 5 a 6 dias. Na capital paulista e no Rio de Janeiro (RJ), são 7 e 8 dias, respectivamente, e no Recife (PE), de 9 a 10 dias.
A fim de garantir a integridade da carga, a empresa acompanha em tempo real a cadeia de frio, garantindo que os produtos estejam dentro da temperatura exigida, ou seja, -25°C. O monitoramento 24 horas via satélite garante a estabilidade e a temperatura adequada, mantendo a carga congelada do início ao final da viagem, independentemente do destino.
Segundo explica Talita Costella, gerente da Transportes Marvel, a tecnologia é uma grande aliada: o sistema de controle de temperatura possui uma faixa de oscilação de 0,5°C e, havendo qualquer variação acima do permitido, a empresa recebe um alerta e contata o motorista.
Números do setor supermercadista
Dados de levantamento feito pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) nesta Páscoa mostram que:
- Em média 20% das encomendas dos supermercados foram para ovos de 100 g a 521 gramas, além de ovos com brinquedos ou brindes.
- Miniovos, coelhos, barras de 60 gramas até 101 gramas devem representar 25,1% do volume e os bombons, de 77 g a 250 gramas, 26,7% do volume.
- Outros itens que devem impulsionar o consumo em volume no período são: colomba pascal de chocolate (14,4%) e colomba pascoal de frutas cristalizadas (23,8%).
- Para o almoço, os destaques da categoria são peixes em geral (19,6%), bacalhau (18,9%), ovos de galinha (17,3%), batata (15,4%), azeitona (14,4%) e azeite (14,3%).
- Na cesta de bebidas, o consumo deve ser puxado por cerveja (23,7%), vinho importado (20,6%), suco (19,3%), refrigerante (18,7%) e vinho nacional (17.7%).
- Quanto ao preço, os ovos de chocolate e as bebidas devem ficar, em média, 13% a 18% mais altos e os alimentos 17% em relação à Páscoa do ano passado.
- A maior demanda pelos produtos se dá na semana que antecede a Páscoa, com aumento de 50% na comercialização.
Com informações das assessorias de imprensa das marcas e da GS1.
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