Nos últimos 40 anos, a internet se expandiu, tendo bilhões de usuários ativos e trilhões de engajamentos diários, impulsionando a inovação, o crescimento e a conectividade em escala global.
Mas, à medida que a internet cresceu em amplitude e sofisticação, a qualidade e a autenticidade de seu tráfego diminuíram, deixando a web cheia de ferramentas de automação, bots (bons ou ruins) e usuários fakes. No mundo dos negócios, isso é conhecido como tráfego falso.
Mais de 40% de todo fluxo on-line é inválido, segundo pesquisa realizada pela CHEQ, especializada em segurança Go-to-Market, com mais de 15.000 clientes em todo o mundo. Para os profissionais de marketing, a atividade fraudulenta é uma preocupação, porque desperdiça dinheiro valioso em publicidade, polui funis com leads inválidos e distorce a análise usada para a tomada de decisões.
Mas os efeitos vão muito além do departamento de marketing – a web falsa tornou-se uma questão estratégica de negócios. Twitter, PayPal, Ticketmaster e outros tiveram de direcionar esforços para combater a entrada de agentes mal-intencionados na rede.
Onde o tráfego falso está presente, o público, o CDP (Customer Data Platform) e os CRMs (Customer Relationship Management) – ferramentas utilizadas para gerenciar dados do cliente – ficam poluídos, as campanhas são otimizadas para usuários falsos e as oportunidades de receita são perdidas.
167% de aumento
Segundo a pesquisa, o volume de tráfego falso bloqueado aumentou assustadoramente 167% em relação a 2021:
- 11,3% de todo o tráfego era fake
- 22,1% do tráfego direto era fake
- 5,7% de todo o tráfego orgânico era fake
- 5,9% do tráfego pago era fake
Além disso, ao longo do ano passado:
- 1 em cada 10 visitantes do site não era real
- 1 em 50 visitantes tinha intenção maliciosa
- US$ 35,7 bilhões gastos com anúncios foram desperdiçados
- US$ 142,8 bilhões em receita foram perdidos
O crescimento do tráfego falso em 2022 foi amplo em todos os tipos de ameaças e formas de ataque, mas três registraram maiores aumentos:
- 125% – sequestro de cliques
- 112% – bots maliciosos
- 101% – web scraper (extração automática de dados de sites na internet)
As movimentações falsas afetam todos os setores com presença na web, mas três em particular foram os mais atingidos:
- 49,1% – Jogos e Apostas
- 20% – Tecnologia/SaaS
- 17,3% – Telecomunicações
Varejo e e-commerce
Entre raspadores de preços, bots de checkout, bots scalper (robôs de revenda) e clonagem de cartões, existem muitas ameaças adaptadas especificamente para fraudar empresas de varejo e comércio eletrônico.
Isso ajuda a explicar por que 16,4% de todo o tráfego para sites de varejo era falso em 2022. Desse total, os bots mal-intencionados representam 9%, ou aproximadamente 1,5% de todas as impressões.
Na América Latina
Em 2022, a América Latina apresentou a menor taxa de tráfego falso em todo o mundo, com apenas 8,7% do total. No entanto, quase metade (49%) era composto por VPNs e ferramentas de proxy, o que pode indicar tanto a presença de fraudes na região quanto usuários tentando contornar a censura ou restrições regionais.
Infelizmente, nem todas as notícias são positivas. A porcentagem de bots maliciosos na região, representando 13,0% do tráfego falso, é a mais alta em comparação com outras regiões do mundo.
US$ 142,8 desperdiçados
As empresas precisam obter um bom retorno para cada valor gasto, e bots, ferramentas de automação, contas fraudulentas e click farms são um obstáculo a esse objetivo.
De acordo com o Statista.com, os gastos globais com publicidade digital ultrapassaram US$ 600 bilhões em 2022. Ao considerar a taxa média inválida para tráfego pago, cerca de US$ 35,7 bilhões gastos com anúncios foram desperdiçados com as fraudes.
Além de afetar os orçamentos de publicidade, a prática também destrói oportunidades de receita em potencial. O ROAS (retorno do investimento em publicidade) é uma métrica que mede a eficácia de uma campanha publicitária, calculando o retorno do investimento (ROI).
De acordo com a Adadaco, o ROAS médio para empresas de comércio eletrônico é de 4:1. Isso significa que, em 2022, as empresas perderam aproximadamente US$ 142,8 bilhões em receita potencial para tráfego fraudulento.
Como será em 2023?
É provável que a tendência de crescimento do fluxo falso continue em 2023, impulsionada principalmente pelos avanços rápidos na tecnologia de inteligência artificial, que podem diminuir a barreira de entrada para a criação de botnets e aumentar a sofisticação e a capacidade dos bots maliciosos.
Como resultado, podemos enfrentar uma ameaça ainda maior no futuro. O aumento da atividade de bots está diretamente relacionado ao desenvolvimento de modelos avançados de inteligência artificial, como o ChatGPT, que permitem que indivíduos criem e usem bots com maior facilidade.
Embora os bots criados atualmente possam ser imprecisos e raramente funcionem corretamente, a próxima atualização, o GPT4, que será lançada ainda este ano, deve ter recursos aprimorados.
À medida que os bots se tornam mais sofisticados, torna-se cada vez mais difícil detectá-los e impedi-los. Segundo o estudo da CHEQ, é essencial que as empresas monitorem as informações de entrada e usem ferramentas avançadas para bloquear e detectar automaticamente as fraudes antes que cheguem ao funil.
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