Aconteceu de 25 a 27 de abril a edição 2023 da LogiMAT – Feira Internacional de Soluções Intralogísticas e Gerenciamento de Processos, que reuniu os principais fornecedores do mundo em Stuttgart, na Alemanha.
A feira atraiu mais de 62 mil profissionais, superando até mesmo os números pré-pandêmicos de 2019. Foram 1.563 expositores de 39 países que lotaram os 10 pavilhões, lançando mais de 100 produtos exclusivos.
Luiz Vergueiro, cofundador da ImLog e diretor sênior de operações logísticas do Mercado Livre, esteve presente e conta as soluções incríveis que viu por lá. Acompanhe a entrevista exclusiva!
1) Quais as maiores inovações que você viu em termos de tecnologia para a logística?
Essa é a maior feira de logística do mundo, com 125.000 m2 de espaço bruto de exposição e 65.503 m2 líquidos. Eu caminhei mais ou menos de 10 km a 12 km por dia visitando os estandes. Vi muitas coisas relacionadas a robôs, braços robóticos… mas teve de tudo, peça para manutenção de empilhadeira, esteira, embalagem, etiquetas de RFID, muita solução diferente.
As inovações mais frequentes foram as operações com robô, com muitas opções de agregadores e integradores. Também tinha algumas soluções de automação que não necessariamente usam robôs, mas uma tecnologia um pouco mais avançada.
Testei, ainda, uns óculos estilo Google Glass. Através deles, o operador vê de maneira translúcida a tela do sistema que está no seu coletor de dados, permitindo o uso das duas mãos para o manuseio da carga.
Isso, combinado a um ring scanner ou um sistema de comando de voz, acaba com o transtorno de segurar o coletor de dados.
A sessão de sistemas não explorei muito porque o Mercado Livre desenvolve o seu próprio internamente, mas vi empresas como SAP e outras de WMS e TMS fazendo negócios na feira.
2) Algumas delas já podem ser vistas no Brasil? Se não, há perspectiva de chegarem logo por aqui?
Bom, algumas delas existem no Brasil, mas não muitas. A Renner tem uma operação em implantação já bem automatizada com várias novidades quentes do mercado, e a Dafiti tem alguma aplicação desse tipo de automação. A indústria no Brasil, não só o e-commerce, também usa algumas das soluções que vi na feira.
O exemplo mais bacana é o autosorter da Dafiti, investimento já feito há bastante tempo. O autosorter é um sistema para armazenar o produto de maneira consolidada e densa. Ele traz a caixa para o operador fazer o picking, e depois que o produto é retirado, a caixa volta para a armazenagem e chega uma nova. O operador fica parado o tempo todo. Também vi um sistema desse funcionando em uma proporção menor.
E uma inovação importante aqui na LogiMAT foi o autostore invertido, que é uma novidade para mim. A caixa não sai por cima uma a uma, mas por baixo de duas em duas. O robô precisa empurrar 500 kg para inserir uma nova caixa se todas estiverem cheias.
Essa solução muda a maneira de pensar no negócio e tem uma capacidade maior de operação no sentido de saída de produtos da operação, na movimentação de material.
3) O que mais te impressionou na LogiMAT?
Três coisas me impressionaram muito. Em primeiro lugar, o tamanho da feira, ela é gigantesca, pensando no mercado de logística. Em segundo, o fato de não estarem presentes algumas categorias, por exemplo, não tinha armador e muito pouco transportador. E não vi nada de indústria automobilística para transporte de carga.
Em terceiro lugar, me impressionou que o mundo Europa desconhece o mundo América Latina. O Mercado Livre é uma empresa completamente desconhecida, apesar do tamanho. Poucas pessoas com quem conversei tem alguma ideia do que a gente faz e o nosso porte. Então, ainda estamos muito distantes da realidade da Europa. Enquanto isso, empresas da China e da Índia estão fornecendo tecnologia logística na Europa. A conexão com esses países está mais forte.
4) Quais as tendências que ainda podem demorar mais tempo ganharem mercado?
Vi na LogiMAT bastante empilhadeira e máquina de transporte de carga atuando de forma autônoma dentro do centro distribuição, ou seja, sem precisar de operador. Mas não vi nada de caminhões autônomos e acho que é uma tendência para os próximos 10 ou 15 anos. Talvez uma outra tendência mais para o futuro são os drones para transporte de carga, vi alguns com capacidade para até 30 kg, ainda pouco para ampliar sua aplicação. Então acredito que seja uma solução de longo prazo.
5) Que países são destaque nas inovações?
Havia muita coisa da Alemanha, porque a feira é em Stuttgart, mas também vi empresas chinesas, indianas, americanas, então não dá para citar um país que tem mais inovação. Acho que é um mix, as soluções vão se combinando e as empresas de vários países se juntam para desenvolver uma tecnologia específica, se é um sorter, um sistema robótico, um braço robotizado… é bem diverso mesmo.
6) Em relação ao público da feira, o que você pode dizer?
O ambiente ainda é mais formal, com pessoas de terno e gravata circulando pelos tapetes da feira, porém diversificado em termos de tecnologia de logística. São empresas que atuam em diversos setores de negócios e há pessoas de várias partes do mundo.
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