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Seca no Amazonas e recorde de enchentes no Sul podem impactar Black Friday e Natal

Segundo a Confederação Nacional dos Municípios, 5,8 milhões de brasileiros foram diretamente afetados pelo impacto das enchentes e das secas em 2023.

Apenas neste ano, o Brasil já sofreu prejuízos de R$ 50,5 bilhões na economia devido a tempestades e longos períodos de estiagem. Embora a agricultora tenha sido o setor mais afetado, muitos outros setores foram prejudicados:

  • Agricultura (R$ 3 bilhões em prejuízos)
  • Obras públicas (R$ 2,1 bilhões em prejuízos)
  • Comércios locais (R$ 780,4 milhões em prejuízos)
  • Indústria (R$ 688 milhões em prejuízos)
  • Pecuária (R$ 340 milhões em prejuízos)

Considerando apenas as chuvas, o prejuízo para o país é ainda maior: são R$ 101,5 bilhões em perdas econômicas desde 2020. Até agora, 1.825 decretos foram causados pelas chuvas e 1.348 provocados pela seca.

Impactos econômicos e comerciais

Se já não fosse uma situação desafiadora por si só, os eventos climáticos acontecem em um momento de pico de demanda, com o comércio abastecendo o estoque para as vendas de fim de ano, que incluem a Black Friday e o Natal, datas importantíssimas para o varejo. 

Para ter ideia, a sona franca de Manaus é responsável por produzir produtos como televisores, celulares, veículos, aparelhos de som e de vídeo, aparelhos de ar-condicionado, bicicletas, microcomputadores e chips que podem ter dificuldade de chegar até o consumidor final.

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Preocupação para as empresas de logística

Tanto a seca quanto os temporais são cenários desastrosos para a cadeia de suprimentos e preocupam os negócios e comerciantes locais.

No Amazonas, empresas de navegação já passaram a cobrar “taxas de seca”

Empresas de logística da região do Amazonas avaliam a situação com preocupação, já que a falta de precipitação tende a afetar não só o abastecimento local, como também o escoamento da Zona Franca de Manaus para o resto do país, fora o valor do transporte logístico.

Empresas de navegação já passaram a cobrar “taxas de seca” que vão de R$ 3 mil a R$ 10 mil por contêiner e muitas delas não estão aceitando mais reservas até meados de outubro, afinal não sabem como ficarão as restrições à navegação.

Do ponto de vista das inundações, as perspectivas também não são das melhores. Estruturas estão seriamente comprometidas, vias estão destruídas ou bloqueadas, sem contar na perda de mercadorias e motoristas ilhados. 

Consequência das enchentes: escoamento da produção está prejudicado no RS

No RS, a ponte de ferro que ligava Nova Roma do Sul a Farroupilha, na ERS-448, desabou; Devido à queda, o fluxo de veículos entre as duas cidades está completamente interrompido e sem previsão de liberação, afetando seriamente o escoamento da produção de uva, leite, hortifrúti, frango e suínos da região.

A uva é o principal produto agrícola do município e 80% da produção era, até então, escoada via ERS-448. De acordo com estimativas, a  produção do município para esta safra é de 30 milhões de quilos de uva. Pela ponte, o trajeto até Farroupilha era de 40 km. Pela estrada será de 120 km – o que inclui mais gastos.

De acordo com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), vinculado à Secretaria de Logística e Transportes do Rio Grande do Sul, as enchentes decorrentes das chuvas também interditaram um trecho da ERS-132, no km 4,35, entre Vila Maria e Camargo.

O Daer informou que outros techos foram afetados: ERS-324, ERS-434, ERS-463, VRS-851, ERS-110, ERS-030, ERS-630, ERS-431, ERS-332, ERS-129 e ERS-130.

União da Vitória, Município do Paraná, também enfrenta problemas de logística desde o último domingo, quando parte da pista cedeu próximo ao km 356 da BR-476. Com o deslizamento, quase toda a pista veio abaixo. O trecho foi interditado e está sendo monitorado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

Além de bloqueios parciais e totais em rodovias do Rio Grande do Sul, há estradas vicinais afetadas, onde houve queda de pontes e pontilhões e ruptura de taludes, além de deslizamentos e alagamentos. 

O que está por trás da seca no Amazonas

A temporada de secas não é incomum, mas geralmente estão previstas para outubro e dezembro. Este ano, com o fenômeno do El Niño, a seca se antecipou abaixando o nível de água dia após dia, impactando o transporte de cargas por hidrovia e segundo empresas de logística da região.

De acordo com a Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem, os níveis das águas estão baixando mais de 30 centímetros por dia, o que indica que a estiagem já começou e pode ser mais grave e duradoura do que o esperado. 

O El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical, e em geral, costuma ocorrer em intervalos de dois a sete anos.

O que está por trás das enchentes no Sul

Mais de 3.000 pessoas estão desalojadas devido às enchentes decorrentes de fortes chuvas e das consequências de ciclone extratropical no Rio Grande do Sul. Os alagamentos atingiram casas, comércios e também bloquearam dezenas de estradas e rodovias do estado.

Soluções e alternativas

Uma opção para superar a estiagem no Amazonas é o uso do transporte rodofluvial. A combinação  de caminhões e balsas são capazes de trafegar com uma embarcação  menor.  

Apesar de ser uma alternativa, os custos aumentariam expressivamente, afinal, essa saída seria 50% mais cara e com capacidade menor de escoamento.

Segundo a Agência Brasil, Silvio Costa Filho, atual ministro dos Portos e Aeroportos, e Renan Filho, ministro dos Transportes se encontraram recentemente. Ambos assinaram uma ordem de serviço que autoriza a dragagem de um trecho de oito quilômetros do Rio Solimões, entre Tabatinga e Benjamin Constant.

A dragagem é um procedimento que remove sedimentos e resíduos decantados no fundo do rio que prejudica a navegabilidade. Uma vez feito, o rio tem sua profundidade ampliada, facilitando o trânsito de embarcações.

Já no Rio Grande do Sul, prefeitos se mobilizaram para buscar estratégias de contenção a fim de viabilizar soluções rápidas para os danos ocasionados em estradas, pontes, residências e outras estruturas.

Entidades ligadas à agropecuária estão se mobilizando para auxiliar os atingidos .Uma das principais dificuldades é a logística para o transporte de animais e de ração, escoamento de produção – como o leite – e até mesmo o transporte dos trabalhadores nas empresas do setor e cooperativas instaladas nas regiões mais atingidas.

O impacto das mudanças climáticas nas cadeias logísticas

As mudanças climáticas tem consequências seríssimas para o setor de logística, principalmente no Brasil.

Em termos de infraestrutura de transportes de carga, a atual matriz brasileira depende, majoritariamente, do modo rodoviário. O mesmo concentra aproximadamente 52% da carga transportada no país. Em seguida, encontram-se os modais ferroviário (30%), navegação de cabotagem (8%), hidroviário (5%) e dutoviário (5%) (MT, 2011).

Enquanto o aumento de chuva podem ocasionar enchentes em estradas e ferrovias e deslizamentos de terra, a seca tende a inviabilizar o transporte no sistema hidroviário. 

O bloqueio de rotas e os danos em infraestrutura, por sua vez, prejudicam os sistemas de logística e, consequentemente, as atividades econômicas do país.

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  • Amanda Moura é formada em Ciências Sociais e do Consumo pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e se dedica a estudar comportamento, consumo e tendências.

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Tags: Segurança

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