Mulheres no TRC: apenas 3% são motoristas e 3% estão em cargos de liderança

Índice de Equidade do Setcesp apresenta panorama da presença feminina dentro do setor de transporte rodoviário de cargas. Ainda há muito para evoluir!

De todas as mulheres que trabalham nas transportadoras, apenas 3% atuam como motoristas e 3% ocupam cargos de liderança. Esses são alguns dos resultados do estudo encomendado pelo Movimento Vez & Voz, iniciativa do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo e Região (Setcesp) para valorização e ampliação das mulheres no TRC.

Segundo o Índice de Equidade, elas ocupam os seguintes cargos de liderança, da maior à menor incidência: coordenação/supervisão, gerência, diretoria e conselho/presidência/CEO.

Como destacou o relatório, muitas vezes, as mulheres são sub-representadas em cargos de liderança e em áreas técnicas ou especializadas, o que pode perpetuar desigualdades salariais e limitar oportunidades de crescimento profissional.

No volante

Segundo a Secretaria Nacional do Trânsito (Senatran), as mulheres representam 35,48% das CNHs válidas no Brasil, de um total de 79,92 milhões, enquanto os homens somam 64,62%.

Mesmo diante de uma grande diferença entre os gêneros, a categoria E, de veículos pesados (carretas), vem aumentando a participação das mulheres. Em 2022, houve um crescimento de 9,01%, em comparação com o ano anterior. 

Para Ana Jarrouge, presidente executiva do Setcesp e idealizadora do Movimento Vez & Voz, isso já é um avanço. “Certamente, ainda estamos longe do que seria o ideal para termos equidade no TRC, mas é um crescimento muito importante e que deve ser celebrado. Precisamos sempre comemorar as pequenas vitórias para que possamos caminhar com ainda mais força rumo ao nosso objetivo”, diz.

O aumento de 9% nas emissões das CNHs de carretas mostra que as mulheres estão se qualificando para entrar no setor, que, inclusive, tem muitas oportunidades.

“Quando temos a atuação das mulheres, principalmente nas estradas, conseguimos ver uma diminuição nos números de roubo de cargas e de acidentes, enquanto a produtividade aumenta”, acrescenta Adriano Depentor, presidente do conselho superior e de administração do Setcesp.

Diversidade

Outros dados mostram que 32% desenvolvem ou participam de alguma ação voltada à diversidade; 29% são signatárias de alguma iniciativa sobre diversidade e/ou inclusão; e 23% das empresas possuem um comitê/grupo específico responsável por ações de diversidade.

Assédio

A discriminação pode ocorrer de diversas formas, como assédio moral, sexual ou psicológico. É uma violação dos direitos humanos e pode afetar negativamente a saúde mental e física dos funcionários. Das empresas participantes:

  • 59% possuem protocolos, consequências e punições claras e efetivas, quando as políticas não são cumpridas
  • 58% possuem uma política para tratar casos que são amplamente divulgados aos colaboradores
  • 49% possuem programa de esclarecimento e conscientização sobre assédio
  • 10% demitiram devido a assédio no último ano

Programas e benefícios

Das empresas participantes:

  • 82% afirmam que mulheres não foram demitidas dentro de um ano, após o término da licença maternidade
  • 24% possuem um programa de reintegração para receber as mulheres após a licença maternidade
  • 22% oferecem licença maternidade além dos quatro meses exigidos
  • 19% possuem um lugar para que possa colher/armazenar o leite materno ou amamentar
  • 16% promoveram mulheres grávidas no último ano
  • 9% oferecem licença paternidade além dos cinco dias exigidos
  • 9% contrataram mulheres grávidas no último ano

Resultados

O resultado do estudo revelou que o TRC ainda precisa rever alguns conceitos. Questões como assédio, diversidade, funções, benefícios e violência doméstica merecem mais atenção.

A questão mais bem avaliada foi de treinamento e capacitação, seguida de recrutamento e seleção. Mesmo assim, os níveis não são os ideais.

“O grande diferencial desse estudo é que, além de ter uma visão completa do segmento, todas as empresas que participaram da pesquisa vão receber seus relatórios individualmente para que possam melhorar nos quesitos que tiveram menor destaque. Estamos caminhando junto a cada uma delas para que a inclusão e a valorização das mulheres sejam pautas importantes e constantes em seus processos”, complementa Ana. 

Metodologia

Esta foi a primeira edição do Índice de Equidade no Transporte Rodoviário de Cargas. Seu objetivo é medir anualmente a evolução da participação das mulheres na categoria e analisar as políticas das transportadoras na atração, retenção e valorização dessas profissionais. 

A metodologia e a coleta de dados foram realizadas pelo Instituto Paulista de Transporte de Cargas (IPTC) e esta edição representa 47.664 colaboradores que atuam nas empresas participantes.

Chamada para mulheres!

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