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O hidrogênio renovável, também conhecido como H2 verde, é considerado um dos principais combustíveis sustentáveis e pode ser uma das soluções para reduzir a atual emissão de gases do efeito estufa que contribuem para o aquecimento global.
O hidrogênio verde é produzido a partir de fontes de energia renováveis, como eólica, hidráulica, solar e de biomassa, o que tem atraído o interesse de vários setores que buscam investir em tecnologias sustentáveis e na descarbonização, incluindo o setor de transporte (logística verde).
No Brasil, 78% do hidrogênio produzido utiliza energia elétrica renovável, o que o torna líder na produção mundial de H2 verde, segundo Balanço Energético Nacional (BEN) 2022.
Este e outros dados sobre o assunto estão na publicação Hidrogênio Renovável — Uma das rotas para descarbonizar o transporte rodoviário, desenvolvido pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Significativo potencial
De acordo com o material da CNT, o potencial do país é um diferencial, pois na matriz elétrica mundial, apenas 28,6% da eletricidade é produzida com fontes alternativas.
Já na Europa, por exemplo, mais de 60% da matriz elétrica não é renovável. Para ser considerado hidrogênio sustentável, sua produção deve utilizar eletricidade limpa.
Além da viabilidade de produção para seu uso nacional, o H2 verde também pode ser exportado, o que impulsiona a utilização de diferentes modos de transporte para viabilizar a sua distribuição e consumo nacional e internacional, o que acaba impulsionando o desenvolvimento da integração multimodal.
Atualmente, existem mais de mil registros de projetos de hidrogênio em diferentes países, mas a quantidade dos que são dedicados ao H2 renovável ainda é incipiente. No ranking dos países que mais possuem projetos de hidrogênio, o Brasil está na 21ª posição. Porém, a grande maioria é dedicada à produção de hidrogênio verde.
Por isso, segundo ele, essa flexibilidade em uma localização estratégica permite que façam uma gestão mais eficiente de suas cadeias produtivas e, consequentemente, melhorem a experiência de seus clientes finais.
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Testes já em andamento
Os fabricantes de veículos automotivos estão realizando testes com o H2 verde e os resultados mostram que, quando abastecidos com o combustível, esses veículos emitem menos poluentes do que quando abastecidos com diesel.
Três tipos de veículos foram testados, incluindo caminhões de 12 toneladas, de 40 toneladas e ônibus urbanos, e em todos eles foram constatadas reduções significativas de emissões de gases do efeito estufa (GEE).
Os veículos abastecidos com hidrogênio verde apresentaram reduções de emissões de GEE de 87%, 85% e 89% em comparação com os mesmos veículos abastecidos com diesel misturado com 7% de biodiesel.
Alguns modelos de caminhão e ônibus já possuem tecnologia embarcada para utilização do H2, mas ainda são necessários incentivos financeiros para tornar essa opção mais acessível, além de avanços na infraestrutura de postos de abastecimento.
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H2 verde na prática: Mercedes-Benz, Volvo e Cummins
No setor de transporte rodoviário de cargas, a Mercedes-Benz concluiu, em 2023, os testes em seu primeiro veículo pesado movido a hidrogênio, chamado de GenH2 Truck, inspirado no convencional Mercedes-Benz Actros.
O caminhão semirreboque com células de combustível passou por testes em grandes altitudes, percorreu vias públicas e atravessou o Passo do Brennero, uma das principais rodovias de tráfego mercantil da Europa.
Durante os testes, o veículo emitiu apenas vapor d’água. A previsão da marca é lançar o caminhão em 2027, com capacidade de carga útil de 25 toneladas e peso bruto de 40 toneladas.
O GenH2 Truck terá dois tanques de hidrogênio líquido com capacidade de 80 kg, permitindo o transporte de longa distância, com autonomia de até 1.000 km.
A Volvo também planeja iniciar os testes comerciais de um caminhão movido a hidrogênio renovável, com autonomia de mais de 1.000 km e tempo de abastecimento de 15 minutos, a partir de 2025.
O caminhão terá peso bruto total de 65 toneladas e duas células de combustível, que gerarão 300 quilowatts de eletricidade.
Além disso, a Cummins apresentou na IAA 2022 um modelo-conceito de caminhão a hidrogênio de porte médio, equipado com um motor a combustão interna de hidrogênio (B6.7H | H2-ICE), com peso bruto total entre 10 e 26 toneladas e autonomia de até 500 km.
O projeto foi desenvolvido com base nas características do caminhão Mercedes-Benz Atego 4×2, tendo 290 cavalos de potência e armazenamento de hidrogênio a 700 bar. Os testes indicam que o motor a hidrogênio tem performance equivalente à de um motor a diesel de cilindradas similares, com a vantagem adicional de operar silenciosamente durante a combustão.
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Legislação brasileira é gargalo
Embora a primeira regulamentação sobre o hidrogênio tenha sido estabelecida em 1998, apenas em 2021 foi publicada uma resolução priorizando a destinação de recursos para pesquisa, desenvolvimento e inovação em torno do hidrogênio e outras questões relacionadas.
A consolidação deste movimento se deu com a criação do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2) no mesmo ano, com o objetivo de estabelecer o hidrogênio como uma fonte de energia para uma matriz nacional de baixo carbono.
No setor de transporte, é esperado que o H2 verde se torne cada vez mais comum como combustível automotivo nos próximos anos devido à ausência de emissões de escape, contribuindo para a descarbonização do setor, conforme previsto nas metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, que o Brasil aderiu em 2015.
Por isso, essa nova rota tecnológica tem sua importância para o desenvolvimento ambiental do transporte. A modalidade rodoviária será uma das grandes beneficiárias dessa alternativa.
A publicação da CNT também apresenta as vantagens e os desafios desse combustível verde, sob os seus aspectos ambiental e técnico. Seu propósito é incentivar a redução do consumo de combustível fóssil e contribuir com a eficiência energética dos veículos pesados, como caminhões e ônibus, além de promover o uso de tecnologias menos poluentes.
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