O agronegócio brasileiro representou, nos últimos dois anos, mais de 20% do PIB nacional. Conforme as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de grãos até 2024 deve alcançar uma marca inédita, estimada em 4.049 kg por hectare, resultando em uma colheita de 321,5 milhões de toneladas, superando em 40,1 milhões de toneladas a colheita da safra precedente (2021/22).
Para movimentar toda essa produção, as empresas do setor precisam contar com parceiros especializados, afinal, a logística do agronegócio pode ser considerada bastante desafiadora.
Anderson Pardini, coordenador de Operações Agro da LOTS Group Latin América, destaca como características mais marcantes do setor o forte planejamento para operação, falando em custo, frota, safra, entressafra e gestão de pessoas.
Segundo ele, a sazonalidade e os picos de moagem exigem um planejamento extra por conta do clima e da mudança do ATR (açúcar total recuperado) da cana-de-açúcar com o passar dos meses.
“Com isso, a adaptabilidade e a capacidade de tomada de decisão assertiva se tornam características marcantes das transportadoras que conseguem seguir as rápidas mudanças de uma operação agro”, conta.
Principais desafios da logística do agronegócio
- Grande abrangência geográfica: O agronegócio geralmente envolve áreas extensas, com produção agrícola dispersa em diferentes regiões. Isso requer o transporte eficiente dos produtos agrícolas por longas distâncias, muitas vezes atravessando fronteiras e enfrentando condições geográficas adversas.
- Sazonalidade e demanda flutuante: A produção agrícola é altamente influenciada por fatores climáticos e apresenta sazonalidade, com períodos de colheita concentrados em determinadas épocas do ano. Isso pode levar a uma demanda volátil e desafiadora devido à necessidade de processar, armazenar e distribuir grandes volumes de produtos em curtos períodos de tempo.
- Complexidade na cadeia de suprimentos: A cadeia de suprimentos no agronegócio envolve vários elos, desde produtores, cooperativas, agroindústrias, distribuidores, varejistas até consumidores finais. Cada etapa tem suas próprias exigências e desafios logísticos, envolvendo diferentes modos de transporte, armazenamento e manipulação adequada dos produtos.
- Fragilidade dos produtos perecíveis: Muitos produtos agrícolas, como frutas, verduras, flores e produtos lácteos, possuem vida útil limitada e são facilmente danificados. A logística precisa garantir condições adequadas de armazenamento e transporte, como controle de temperatura, umidade e proteção contra impactos, para evitar perdas e preservar a qualidade dos produtos.
- Infraestrutura limitada e acessibilidade: Em áreas rurais e remotas, a infraestrutura de transporte pode ser limitada, com estradas precárias, falta de infraestrutura logística adequada e dificuldade de acesso. Isso dificulta a movimentação eficiente dos produtos agrícolas e pode levar a atrasos, perdas e custos adicionais.
- Complexidade regulatória: O agronegócio está sujeito a regulamentações rigorosas relacionadas à segurança alimentar, rastreabilidade, certificações, requisitos fitossanitários e normas de comércio internacional. O cumprimento dessas regulamentações exige uma gestão logística cuidadosa para garantir a conformidade e evitar problemas legais ou sanitários.
- Flutuações de preços e volatilidade do mercado: Os preços dos produtos agrícolas são afetados por uma série de fatores, como oferta e demanda, condições climáticas, políticas governamentais e fatores econômicos. Essa volatilidade requer uma logística flexível e adaptável, capaz de lidar com mudanças repentinas na demanda, na oferta e nos preços.
Esses desafios exigem planejamento estratégico, coordenação eficiente e adoção de tecnologias avançadas para garantir o fluxo contínuo dos produtos agrícolas da produção ao consumo.
“Precisamos nos adaptar a diversas variáveis para otimizar os tempos e dar maior fluidez ao fluxo. Conseguimos isso principalmente com uma frota 100% conectada e rastreada 24/7”
Anderson Pardini
Coordenador de Operações Agro da LOTS Group Latin América
Tecnologias no agro
Nos últimos anos, o agro foi um dos setores que mais se modernizou e investiu em tecnologia no Brasil. As empresas que querem atender a este mercado devem seguir este avanço e também transformar a sua indústria, no caso, o transporte.
Segundo Pardini, a LOTS utiliza diversas tecnologias, como:
- Telemetria
- Aplicativo do motorista
- Gestão digital de desgaste de pneus
- Softwares para planejamento e roteirização de frota
- Videomonitoramento do interior e exterior do veículo em tempo real
- Conectividade da frota e equipamentos
- Monitoramento de estradas por meio de sensores para mapeamento de riscos e manutenção de vias
- Georreferenciamento dinâmico da operação
Hoje, no agro, tudo se conecta: veículos, máquinas, fábricas, balanças e a própria matéria-prima é catalogada e rastreada para garantir a qualidade do produto final. “As empresas que atendem a este setor não podem deixar de se modernizar, principalmente nós, do setor transporte, que somos um dos principais fluxos do agro”, comenta.
Além de garantir a eficiência da operação, as tecnologias também ajudam a entregar uma solução mais sustentável para o meio ambiente por meio de veículos mais sustentáveis e direção eficiente com o treinamento de motoristas. “A tendência é que a modernização do campo não pare”, acrescenta Pardini.
O método lean nas operações de transporte
O foco de toda operação logística é atender ao seu cliente da forma mais rápida possível, mas para isso, é muito importante ter padrões que façam com que a agilidade seja um reflexo da organização e planejamento em nossas operações.
A LOTS segue a metodologia lean, focando na eliminação de desperdícios no processo e otimização de gargalos nos fluxos logísticos.
“Além disso, precisamos nos adaptar a diversas variáveis para otimizar os tempos e dar maior fluidez ao fluxo. Conseguimos isso principalmente com uma frota 100% conectada e rastreada 24/7.”
De acordo com ele, a transparência e o alinhamento com o cliente são primordiais para garantir que as mudanças sejam executadas da maneira mais ágil e eficiente possível.
Aplicação do método lean no transporte
Veja alguns dos princípios fundamentais do lean e como eles podem ser adaptados ao contexto do transporte e logística no agronegócio:
Eliminação de desperdícios: O lean busca identificar e eliminar todas as formas de desperdício nos processos. Isso pode incluir a redução do tempo de espera em filas, a otimização das rotas para evitar trajetos desnecessários, o uso eficiente do espaço nos veículos de transporte e a minimização de tempos de espera nos pontos de coleta e entrega.
Fluxo contínuo: O lean incentiva o estabelecimento de um fluxo contínuo de atividades, eliminando atrasos e gargalos. Isso significa buscar formas de minimizar os tempos de espera entre as etapas do processo, como carregamento, descarregamento e transferência de produtos. Isso pode ser alcançado através de um planejamento eficiente, uma coordenação adequada entre os envolvidos e a utilização de tecnologias que facilitem a comunicação e o monitoramento em tempo real.
Melhoria contínua: O lean incentiva a busca constante por melhorias nos processos. Isso envolve a análise dos dados e indicadores de desempenho, a identificação de oportunidades de aprimoramento, a implementação de medidas corretivas e a capacidade de adaptação às mudanças nas demandas e condições do mercado.
Envolvimento dos colaboradores: O lean enfatiza o envolvimento ativo dos colaboradores na busca por melhorias. Isso significa incentivar a participação dos motoristas, operadores logísticos e outros profissionais envolvidos nas operações. Esses profissionais podem fornecer insights valiosos sobre possíveis desperdícios, gargalos e oportunidades de melhoria, além de contribuir para o desenvolvimento de soluções mais eficientes.
Qualidade e segurança: O lean também valoriza a qualidade e a segurança dos processos. Isso se traduz em garantir a integridade dos produtos durante o transporte, adotar práticas de segurança no manuseio de cargas perigosas, promover a manutenção adequada dos veículos e equipamentos, e assegurar a conformidade com as regulamentações e normas aplicáveis.
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