O Alibaba Group está considerando a realização de ofertas públicas iniciais para suas unidades de logística e supermercados, dando início a uma divisão muito esperada que pode impulsionar o crescimento anêmico do grupo.
Essa medida foi anunciada juntamente com a divulgação dos resultados financeiros, na última quinta (18/05). Os dados mostraram um crescimento de receita de apenas um dígito, aumentando a preocupação de que a retomada dos gastos dos consumidores chineses possa estar mais distante do que o esperado.
A empresa também anunciou a aprovação formal para separar sua divisão de serviços em nuvem, distribuindo ações aos acionistas, e para explorar ofertas públicas iniciais de sua unidade de logística, Cainiao, e de sua rede de supermercados, Freshippo.
Além disso, planeja obter financiamento externo para sua divisão de comércio internacional, que abrange operações no exterior, como a Lazada, sediada em Singapura.
Reflexo da desaceleração do comércio doméstico
O desempenho fraco do Alibaba reflete a desaceleração do comércio doméstico em 3% e da divisão de nuvem em 2%.
Isso mostra como a recuperação econômica da China está ocorrendo em um ritmo mais lento do que o esperado, devido às restrições da política Covid Zero, às sanções dos EUA e a um ambiente econômico global incerto.
Embora houvesse esperanças de que o governo chinês apoiasse o setor privado, após uma forte repressão ao setor de internet, até agora não foram implementadas políticas significativas.
Revertendo as perdas
No trimestre encerrado em março, o Alibaba registrou vendas de 208,2 bilhões de iuanes, um pouco abaixo da estimativa média de analistas de 209,2 bilhões de iuanes. No entanto, o lucro líquido foi de 23,5 bilhões de iuanes, revertendo as perdas do ano anterior, graças a ganhos extraordinários.
Os investidores estavam otimistas de que os gastos dos consumidores e o setor de tecnologia se recuperariam após o governo chinês suspender restrições abrangentes que afetaram a segunda maior economia do mundo.
No entanto, os economistas apontam para a desaceleração do comércio e outros sinais de que a recuperação está perdendo força.
Durante o recente feriado da Semana Dourada, indicador importante da confiança geral, os gastos totais ficaram abaixo das expectativas em comparação com os volumes de reservas.
Divisão de unidades
Alguns investidores têm esperança de que o desmembramento das unidades do Alibaba possa estimular o mercado, permitindo que as diferentes operações funcionem com mais agilidade e impulsionem uma recuperação nas ações.
Em março, o Alibaba tomou a decisão histórica de dividir a empresa em seis unidades que abrangem seus principais negócios, desde serviços em nuvem até comércio internacional e logística.
Cada uma dessas unidades, exceto o núcleo Taobao Tmall Commerce Group, tem a capacidade de captar fundos e buscar listagens em separado.
Recuperação à vista
Apesar desse cenário negativo, há indícios de que o comércio online esteja começando a se recuperar.
O valor bruto de mercadorias do setor de comércio eletrônico na China teve um crescimento de 11% em março, após desacelerar para 5% nos primeiros dois meses de 2023, de acordo com estimativas do Goldman Sachs.
Isso foi impulsionado pela retomada da demanda e pela redução dos gargalos logísticos.
Na semana passada, a JD.com disse que o crescimento do volume neste trimestre superava os três meses anteriores e ajudava a sustentar seu estoque.
A Tencent Holdings aumentou a receita no ritmo mais rápido desde 2021, enquanto a Baidu também registrou vendas acima das estimativas. Ambas atribuíram o resultado à recuperação nos segmentos de consumo doméstico.
O gestor Michael Burry aumentou suas posições compradas na JD e no Alibaba, mesmo quando outros hedge funds recuam nas apostas relacionadas à reabertura do país.
O Alibaba está adotando medidas para cortar custos agressivamente e melhorar as margens, a fim de compensar o crescimento doméstico fraco.
Essa é uma mudança significativa para a empresa, que antes gastava muito para dominar diversas áreas da economia.
A repressão do governo chinês ao comércio online também forçou o Alibaba a alterar seu modelo de negócios, que antes buscava exclusividade comercial.
Com informações da Exame.
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