A trajetória de Marcelo Patrus: do posto de gasolina à liderança da Patrus Transportes

Conheça Marcelo Patrus, CEO da Patrus Transportes e mentor da ImLog, que compartilha sua trajetória, desafios e perspectivas para o setor.
Imagem de Marcelo Patrus

Marcelo Patrus é um empresário que respira transporte rodoviário de carga fracionada desde que nasceu. Filho de Marum Patrus, fundador da Patrus Transportes, ele acompanhou de perto a trajetória do pai, que começou com um posto de gasolina e depois criou uma das maiores empresas do segmento no Brasil.

Formado em Contabilidade e Administração, Marcelo trabalhou em todos os setores da empresa criada pelo pai, de ajudante de carga até gestor. Hoje, ocupa a cadeira de CEO da Patrus Transportes, que está presente em mais de 85 cidades do país e atende clientes de diversos segmentos, tanto no B2B quanto no B2C.

Além disso, é vice-presidente de transporte de carga fracionada da NTC e vice-presidente do Setcemg, entidades que representam o setor. E, claro, também é conselheiro benemérito do Clube Atlético Mineiro, seu time do coração.

Nesta entrevista exclusiva para a ImLog, Marcelo Patrus compartilha as suas experiências, desafios, aprendizados e visões sobre o mercado de transporte rodoviário de carga fracionada no Brasil. E mais, fala sobre como utiliza a tecnologia para garantir a qualidade e a eficiência das entregas da sua companhia, como se adapta às diferentes demandas e necessidades dos seus clientes, o segredo para liderar e motivar a sua equipe de colaboradores, os truques para conciliar a sua vida profissional com a pessoal e familiar, bem como compartilha seus hobbies e interesses fora do trabalho.

Por fim, Marcelo não só conta seus projetos e planos para o futuro da Patrus, mas também deixa valiosos conselhos e dicas para quem está começando ou querendo se desenvolver na área de logística. Confira nossa entrevista exclusiva:

IR: Como foi a experiência de acompanhar o seu pai desde a abertura do posto de gasolina até a criação da transportadora Patrus?

MP: Foi uma experiência única e fantástica. O único emprego que eu tive na vida foi trabalhando com o meu pai, tanto no posto de gasolina, quanto na Patrus Transportes. São 46 anos que eu trabalho em família. Tive a oportunidade de aprender muito com o meu pai. Ele era um homem muito sábio, um empreendedor nato, um homem que não estudou para ser empresário, mas conseguiu com muita luta e muito trabalho, deixar um negócio para os três filhos – Marcelo Patrus, Marco Antônio Patrus e Marina Patrus (in memorian) -, que foi a transportadora. 

Eu aprendi muito com ele as experiências da vida, como me relacionar com cliente, como me relacionar com as pessoas, com os ajudantes, com os conferentes, com os demais colaboradores… Aprendi a importância dos valores e da cultura que o meu avô passou para ele e ele para nós. São valores que fazem a Patrus Transportes estar onde ela está: uma empresa de gente séria, na qual o que a gente tratou, a gente cumpre. É uma empresa de gente honesta e que tem como maior valor as pessoas. São elas que movem a Patrus Transportes. Pessoas alegres, pessoas motivadas trazem um resultado muito melhor em qualquer organização. Portanto, eu me considero uma pessoa de sorte.

IR: Quais foram os principais desafios e aprendizados que você teve ao trabalhar em todos os setores da empresa?

MP: Eu trabalhei em todos os setores da empresa, porque a Patrus era uma empresa pequena. Eu estudava de manhã e ia à tarde para a empresa, desde o meu Ensino Médio. Eu trabalhava onde tinha demanda no momento.

Eu me lembro muito bem que, às vezes, no faturamento, faltava gente para colar a fatura, que era passar cola no envelope e envelopar as faturas e eu fiz muito isso.

Ao mesmo tempo, eu gostava muito de fazer entregas na rua. Era um garoto de 16, 17 anos e saía para fazer entregas no centro de Belo Horizonte, junto com os motoristas. Eu achava o máximo!

De vez em quando, apareciam caixas muito pesadas e aí eu achava péssimo, mas esse aprendizado, num todo, me fez ser um profissional que nasceu dentro do chão de fábrica de uma transportadora de carga fracionada. Isso ajudou muito na minha formação profissional, mas, principalmente, na minha formação como ser humano. Ver a dificuldade que os assalariados no Brasil passam, aprendi a não reclamar da vida. 

IR: Como você conciliou os seus estudos em administração e contabilidade com o trabalho? Qual foi a importância da educação formal e do aprendizado prático para a sua formação profissional?

MP: Eu estudava na parte da manhã e trabalhava à tarde, além de estudar aos sábados e domingos. Eu formei em Contabilidade e em Administração. Eu sei ler um balanço, aprendi a entender qual o tamanho da dívida de uma empresa, a importância do Ebitda dentro de uma organização, da geração de caixa, os multiplicadores que apontam o quanto uma empresa pode dever ou não… Aprendi uma série de metodologias de gestão. A formação acadêmica é fundamental para qualquer ser humano. Se ele conseguir mesclar a educação acadêmica com o dia a dia, ele se torna um profissional melhor para aquela atividade.

Marcelo Patrus sorrindo com uma camisa preta.

“A gente precisa mudar esse paradigma e esse conceito de que Transporte Rodoviário de Carga é só sujeira, fumaça, poeira e poluição. Temos que entender que é uma atividade de grande valor para todos”. 

Marcelo Patrus, CEO da Patrus Transportes

IR: Como você vê o mercado de transporte rodoviário de carga fracionada no Brasil? Quais são as oportunidades e as ameaças que você enfrenta nesse segmento?

MP: O Transporte rodoviário de carga no Brasil é um dos segmentos mais importantes da economia. Segundo dados da Confederação Nacional dos Transportes, mais de 60% de tudo que é produzido e consumido no Brasil chega ao seu destino por rodovias. O país deveria ter mais investimentos em outros meios de transporte, principalmente o ferroviário, como acontece em países mais desenvolvidos. 

O Brasil é um país transcontinental, no qual as estradas e os investimentos em rodovias deixam muito a desejar. Temos muito o que melhorar. 

A atividade do Transporte Rodoviário de Carga é de altíssimo risco. Sem o caminhão, não chega nada nos supermercados, nas farmácias e em nenhum outro estabelecimento comercial. Estamos falando de uma atividade essencial para a população e que precisa ser olhada com mais carinho pelos governos.

Trabalhar pelas estradas do país, pressupõe risco de acidentes, de roubo, de vida. Essa é a realidade que os caminhoneiros e os entregadores enfrentam diariamente. Não é fácil trabalhar em trânsitos urbanos extremamente caóticos, nos quais a pessoa está fazendo 50, 60, 70 entregas por dia, chegando nas casas das pessoas, nos varejos, nos shoppings centers.

É uma atividade que precisa ter uma valorização maior pelas pessoas que, às vezes, enxergam o caminhão como um problema no trânsito ou como um agente poluente. E nós, empresários do transporte, precisamos fazer a nossa parte: precisamos ter caminhões novos e que poluem menos.

A gente precisa mudar esse paradigma e esse conceito de que Transporte Rodoviário de Carga é só sujeira, fumaça, poeira e poluição. Temos que entender que é uma atividade de grande valor para todos. 

IR: Como você utiliza a tecnologia para garantir a qualidade e a eficiência das entregas da Patrus? 

MP: Eu costumo dizer que sem tecnologia, você não consegue gerir empresa nenhuma. Ela é fundamental, principalmente para o transporte. Nós, transportadores, precisamos ter, muito bem colocados nos nossos orçamentos que, investimentos em tecnologia é investimento em 3 coisas fundamentais:

1.Ter o melhor SLA possível. Precisamos investir em tecnologia para termos o melhor nível de serviço, como por exemplo fazer uma mercadoria sair do ponto A para chegar no ponto B no menor tempo. 

.2 Eliminar desperdícios.                                                                                                        

3.Diminuir a ociosidade em tempos de sazonalidade. Somos uma empresa que trabalha com carga fracionada, que temos datas festivas de grande volumetria, como natal, dia das mães, dia dos namorados. Temos sazonalidades, como férias coletivas da indústria em janeiro e fevereiro, trocas de coleções em junho e julho. É uma atividade de grande sazonalidade. 

A tecnologia veio para ficar e para diminuir as dores das empresas e das pessoas.

IR: Como você se adapta às diferentes demandas e necessidades dos seus clientes, tanto no B2B quanto no B2C? Quais são os diferenciais e os valores que a Patrus oferece aos seus parceiros?

MP: A Patrus Transportes encara cada grande conta que ela tem, que são medidas pelo número de entregas e volumetria dos clientes, sempre procurando fazer um trabalho a quatro mãos. As necessidades são vistas como um projeto. O cliente entende as dores que ele tem, passa pra gente e nós colocamos como podemos conseguir fazer o melhor trabalho para atendê-los.

Fazer o transporte de carga fracionada precisa ser combinado entre cliente e transportadora: como serão os horários de coleta, as trocas eletrônicas de dados… enfim, cada cliente tem a sua particularidade. No passado, eu falava que fazíamos um serviço personalizado. Não deixa de ser, mas a Patrus aprendeu a ter um padrão, com o seu nível de serviço no dia a dia.

“Sempre pensamos o que podemos fazer para o cliente e que fique bom para todos, principalmente, pensando no cliente do nosso cliente, que é a razão de tudo. É aquele que, no final, paga a conta”. 

IR: Como você lidera e motiva a sua equipe de colaboradores, que está presente em mais de 85 cidades do país? Quais são as políticas e as práticas que você adota para promover o desenvolvimento, o engajamento e o bem-estar dos seus funcionários?

MP: Eu acredito que as empresas, seus executivos e diretores, precisam seguir sempre os valores, a cultura e o propósito da empresa. Isso precisa estar muito bem disseminado para todos os colaboradores. 

Eu não consigo mais visitar todas as nossas 95 unidades, entre próprias e franqueadas, como fazia no passado. Mas, a tecnologia nos ajuda neste ponto também. Ajuda a fazermos reuniões online para podermos estar conectados com todos, independentemente da distância física. Temos uma live semanal na qual encontramos todos os colaboradores para falarmos sobre as notícias boas e ruins. A empresa para durante 1 hora para que todos estejam conectados naquele momento. Todos têm a oportunidade de se manifestar. 

Além disso, a Patrus é uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil, auditada pela Great Place to Work. Isso nos dá um conforto muito grande, pois, se somos uma das melhores empresas para se trabalhar, isso quer dizer que estamos exercendo valores e princípios de uma organização na qual todos se sentem bem estando dentro dela.

Hoje mesmo eu tive um exemplo: Recebi 6 novos funcionários em minha sala e eu disse a eles o seguinte: “Olha, vocês estão vindo para uma empresa que é séria, correta. Que vocês sejam muito felizes aqui. Se vocês não gostarem, falem pra gente e vão embora. Agora, se vocês gostarem, fiquem. Queiram crescer aqui dentro. Façam as coisas direito. Não façam disso aqui um trampolim para a sua vida. Somos uma empresa que oferece conforto, que paga antecipado, que nunca atrasou um salário. Aqui somos muito corretos, com lugar para os motoristas dormirem, com uma comida maravilhosa”! Eu falei isso com eles.

Em síntese, aqui é uma empresa que a gente não mente, fala a verdade e que oferece o melhor ambiente para o seu colaborador. Aqui, respeitamos as pessoas. A diversidade faz parte da Patrus. Não temos preconceito de raça, gênero, sexo, religião, etc. 

IR: Como você concilia a sua vida profissional com a sua vida pessoal e familiar? 

MP: A cada ano que passa, eu penso como eu preciso administrar o tempo da melhor maneira possível. O tempo dá para tudo, desde que você seja disciplinado e que você tenha vontade de pular cedo para trabalhar porque você gosta do que faz. Eu tive uma dificuldade muito grande de ter tempo para ajudar a minha esposa na criação dos meus filhos quando eles eram pequenos. Estou lutando para não cometer o mesmo erro com os meus netos. Estou tentando conviver mais tempo com os meus netos porque eu aprendi que eu errei na época em que meus filhos eram pequenos. Tempo a gente administra.

“Outra coisa é que a gente precisa aprender a passar o bastão. A gente não é eternamente bom naquilo que a gente faz, a gente vai ficando velho e os objetivos vão mudando, ficando mais cansado. Precisamos saber passar o bastão para pessoas que possam levar a organização para a frente”. 

IR: Quais são os seus hobbies e interesses fora do trabalho?

MP: Adoro jogar tênis, eu adoro conviver e tomar um vinho com os meus amigos. Sem eles, fica muito difícil ter uma vida alegre. Meu prazer é escutar música, jogar tênis e o Clube Atlético Mineiro. Só que Atlético e Futebol é na alegria e na tristeza, igual casamento!

IR: Quais são os seus projetos e planos para o futuro da Patrus? Você tem algum sonho ou objetivo que ainda não realizou como empresário? 

MP: Como vamos perenizar a empresa. Como eu vou junto com os diretores e executivos conseguir fazer esta empresa crescer sem perder a alma, a alegria de trabalhar aqui. O restante, ela segue o seu caminho natural. Ela tem um futuro brilhante pela frente, com uma governança muito bem instalada. 

IR: Quais são os conselhos ou dicas que você daria para alguém que está começando ou querendo se desenvolver na área de logística?

MP: A área de logística é sempre falada em todos os segmentos e pilares da indústria. Existe uma carência muito grande de pessoas com formação na área, principalmente pessoas no transporte rodoviário de carga. Aquela pessoa que estudar e entender o segmento, será muito bem-sucedida. Cada dia é um dia diferente. Não há rotina. Relaciona-se com todas as culturas do Brasil. O transporte aproxima as pessoas porque se está entre a indústria e o varejo, entre o marketplace e o cliente na casa dele. Relaciona-se com o cliente do seu cliente. É fascinante porque ele te proporciona uma relação humana muito grande e eu me emociono com isso, pois me faz um ser humano muito melhor. Eu amo o transporte rodoviário de carga fracionada. 


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  • Iara Santos

    Iara Santos é formada em Direito pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e em Letras pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Possui mestrado em Letras (UFJF) e se dedica a estudar sobre tecnologia, gestão, logística e negócios.

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