Com o aumento das vendas pela internet durante a pandemia, os Operadores Logísticos precisaram se reinventar e diversificar suas operações, aprendendo a lidar com os desafios do e-commerce.
Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), a porcentagem das empresas que passaram a atender o setor de comércio eletrônico saltou de 26% para 42%, de 2020 a 2021. Isso representa um crescimento de 63%.
Devido a essa mudança, os OLs tiveram de enfrentar várias dificuldades, como destacaram importantes players durante o seminário “Os Desafios da Logística no Brasil”, promovido pela ABOL em parceria com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), no dia 12 de abril, em Brasília.
“Os desafios aumentam sempre, demandando cada vez mais processos integrados”, respondeu Gilberto Lima Jr., diretor geral da ID Logistics, multinacional francesa há mais de 20 anos no Brasil.
Entre os principais desafios estão: fazer o sistema ser eficiente e atender prazos cada vez mais agressivos. Para isso, algumas empresas entregam no mesmo dia e oferecem agendamento.
Segundo Lima Jr., a gestão de estoque é ainda mais relevante para o e-commerce. “Nosso nível de fracionamento é muito alto, por isso, a precisão é fundamental.”
Como a exigência subiu, o tracking do pedido em cada estágio da cadeia logística é muito importante. Outro desafio, para o executivo, é oferecer opções de fretes alternativos.
Plínio Pereira, presidente da DHL Supply Chain, que tem atuação globalizada em todos os continentes, disse que o varejo mudou bastante durante a pandemia, acelerando tendências.
“O direcionamento de volume do varejo tradicional para o eletrônico demandou uma resposta rápida das empresas de logística. Afinal, esses dois canais de venda têm características diferentes”, ressaltou.
Para ele, entre os desafios de atuar no e-commerce está prestar um bom serviço também em áreas remotas, como no centro-oeste no país, assim como nos grandes centros.
Pereira também falou sobre o posicionamento de estoque, fundamental tanto para os OLs quanto para as indústrias. “Tem sido uma evolução constante aprender a posicionar os estoques com toda a sazonalidade e características de cada perfil de produto”, expôs.
Nessa questão, não pode faltar a análise de dados. Isso porque a tomada de decisão precisa ser baseada em informações, para que o posicionamento de estoque aconteça corretamente.
Outro elemento importante é a infraestrutura do OL, ou seja, onde estão posicionados os centros de distribuição e como é composta a frota.
Para o físico, as grandes varejistas fazem entregas consolidadas usando caminhões de grande porte, como carretas, com altos volumes e carga paletizada.
No eletrônico, a entrega é urbana. As transferências são feitas em grandes veículos, mas a última milha se dá por meio dos pequenos, como os VUCs e os utilitários.
“Um dos desafios é saber posicionar o tipo de frota certa, na quantidade certa e nos lugares adequados”, complementa Pereira.
Para o executivo da DHL Supply Chain, o e-commerce traz a oportunidade de eletrificar a frota, afinal a indústria de transportes é responsável por 14% de todo o CO2 emitido globalmente, segundo o Painel Intergovernamental para a Mudança de Clima (IPCC) da ONU.
“É preciso que o setor tenha cada vez mais consciência do impacto ambiental da atividade. Com isso se abrem muitas oportunidades de buscar soluções menos poluentes. O consumidor exige isso e valoriza esse perfil de entrega. É um benefício e um legado positivo”, comentou.
Fernanda Rezende, diretora adjunta da CNT, citou como um dos desafios dos Operadores Logísticos lidar com dois universos: os grandes centros e os pequenos centros urbanos.
“Eles têm características muito distintas e os OLs precisam universalizar essas operações, entregando com custo baixo e em tempo reduzido”, contou.
Nos centros pequenos são maiores os problemas de infraestrutura. Veja só: no Brasil, a maioria das entregas é feita pelo modal rodoviário, mas, segundo a CNT, só 12% da malha é pavimentada, o que corresponde a cerca de 200 mil km.
“Não dá para fazer uma entrega de qualidade e com eficiência nessas condições”, apontou Fernanda.
“Isso gera custo para o transportador que às vezes não é mensurado e repercute no frete. Por exemplo, gastos com acidentes e com deslocamento mais lento”, mostrou. Essas deficiências no pavimento acrescentam 33% ao custo operacional total.
Já nos grandes centros, os problemas são os congestionamentos. Fernanda destacou que não há uma política para logística urbana e, muitas vezes, o município implanta restrições de circulação dos caminhões das vias.
“O caminhão é visto como um vilão e, ao mesmo tempo, precisa entregar o produto em algumas horas”, comentou.
A CNT também elaborou um levantamento apontando que essas restrições são feitas de forma desorganizada, sem levar em conta a região metropolitana, provocando uma reação em cadeia que impede um planejamento eficiente dos veículos.
Além do desafio da infraestrutura e da falta de segurança, ainda há as questões regulatórias, segundo Pereira, da DHL Supply Chain.
“A velocidade de reagir à necessidade do cliente depende do tempo que se leva para obter licenças para cada uma das operações”, observou.
Por outro lado, a tecnologia avança rapidamente e ajuda a cobrir algumas dessas lacunas. Através da análise dos dados, é possível aumentar a capacidade de planejamento.
“É um jogo atender as novas demandas do consumidor. Os Operadores Logísticos e a indústria buscam alternativas e, ao mesmo tempo, o Estado vem tentando suprir a carência de infraestrutura física e regulatória”, expôs o executivo.
Segundo ele, todos os players têm que cumprir seu papel para conseguir gerar mais eficiência e atender à expectativa do consumidor final, pois é ele quem dita as regras do jogo.
Para Lima Jr., da ID Logistics, a pandemia ajudou a pensar fora da caixa e a buscar alternativas para uma série de questões, como a previsibilidade.
“Fomos colocados na parede e agora temos um tempo de resposta à solicitação do cliente muito menor do que no ano passado. Isso veio para ficar e não vai mudar”, disse.
No caso de ganho de produtividade, a maioria das empresas investiu em sorter e outros equipamentos que aumentam a velocidade dos processos, afinal, a exigência mudou.
Por sua vez, Eduardo Araújo, diretor de Logística da FedEx, empresa com 50 anos de atuação e quase 40 anos no Brasil, destacou a relevância da tecnologia no comércio eletrônico.
Por exemplo, os armazéns precisam estar otimizados para que as entregas sejam mais rápidas. Como sua empresa se preparou para processar os pedidos de forma rápida e assertiva?
“Desde a preparação do pedido até a entrega na última milha, a tecnologia vem para ajudar e dar segurança com o objetivo de atender à expectativa do consumidor”, disse.
Araújo destacou que os OLs têm trabalhado fortemente para atender às oscilações da demanda. Segundo pesquisa da ABOL, os Operadores Logísticos tiveram papel essencial para o crescimento do e-commerce entre 2020 e 2021.
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